Um ator americano de origem egípcia está a causar sensação em Bohemian Rhapsody, de Bryan Singer, a dar corpo e alma a Freddie Mercury. Rami Malek, conhecido por ser Mr. Robot na premiada série como o mesmo nome, foi o escolhido para ser o vocalista dos Queen. No filme nesta semana estreado vemos Malek a interpretar a juventude e o auge de Mercury, que por sua vez era de origem indiana (os seus pais eram parsis zoroastrianos, de Guzerate)..A interpretação está a causar divisões entre os fãs. Também a crítica internacional coloca algumas reservas. O conceituado site The Wrap chega mesmo a dizer que Malek luta com o seu implante dentário, embora haja também um vendaval de elogios. Tantos que é de supor que o ator esteja já nas conjeturas da corrida ao Óscar de Melhor Ator..Verdade seja dita, Rami Malek é perfeito no mimetismo cenográfico da lenda dos Queen, mas a opção pela caracterização de dentadura explícita torna-se algo estranha. "Depois do final das filmagens, quando tirei aqueles dentes, senti-me nu", confessou numa entrevista e isso talvez explique muito dos eventuais problemas nessa composição. Ainda assim, há momentos, sobretudo os de palco, em que há uma sombra de verdadeira encarnação do mito..Depois deste primeiro papel como protagonista e da participação no malfadado remake de Papillon, é mais do que garantido que Malek terá a porta escancarada para um grande salto na carreira. Mais um caso de um nome oriundo da TV que conquista a indústria de cinema, mesmo depois de algumas participações como secundário em filmes de nomeada como À Noite no Museu: o Segredo do Faraó ou The Master - O Mentor..Mr. Robot, a série que se tornou de culto, lançou-o para a ribalta em definitivo. O seu hacker permitiu-lhe arrecadar o Emmy de Melhor Ator. A série encontra-se ainda em produção..Curiosamente, Freddie Mercury esteve para ser interpretado pelo comediante Sacha Baron Cohen, o britânico que deu vida a Borat. O gigante ator chegou mesmo a assinar contrato para a Fox mas terá abandonado o projeto devido a diferenças criativas com os outros membros dos Queen. Acima de tudo, Bohemian Rhapsody é uma produção "oficial" com o aval dos Queen. Acredita-se que o lado mais polémico de Mercury terá sido omitido. Como se não bastasse, Bryan Singer, o realizador, foi despedido a meio da produção e substituído por Dexter Fletcher..Em geral, Rami Malek, goste-se ou não, como Freddie será sempre um great pretender, nem que seja na arte do playback....Os rivais de Malek.Num ano em que há um engarrafamento de grandes interpretações para a temporada pré-Óscares, fazemos o ponto de situação dos eventuais candidatos até a esta altura..Viggo Mortensen - Green Book - Um Guia para a Vida, de Peter Farrelly.O ator de O Senhor dos Anéis é nesta altura um dos grandes favoritos como motorista improvisado de um músico negro na América racista dos anos 1960. A sua interpretação é a todos os níveis notável e Viggo carrega consigo uma onda de simpatia muito forte com a imprensa. Ajuda muito o filme de Farrelly se ter tornado a grande coqueluche do Festival de Toronto....Clint Eastwood - Correio de Droga, de Clint Eastwood.Hollywood costuma ir à bola com "cantos de cisne". Naquela que parece ser a última interpretação desta lenda, corre um rumor de genialidade. Consta que Clint Eastwood ainda supera o que fez em Million Dollar Baby - Sonhos Vencidos, filme que lhe deu uma nomeação ao Óscar. Aqui interpreta um idoso que se torna correio de droga para um cartel mexicano. Uma história verdadeira que puxa pela fragilidade do ator. Muitos estão espantados de Eastwood ter voltado à representação, sobretudo quando se pensava que em 2012, As Voltas da Vida, de Robert Lorenz, era a sua despedida..Robert Redford - O Cavalheiro e a Arma, de David Lowery.Sereno, majestoso, simples... Robert Redford é tudo isso num dos mais belos filmes que vamos ver em 2019, em que compõe um ladrão idoso que nunca quis parar de ser... ladrão! Se Redford entrar mesmo na corrida dos melhores atores para o próximo ano, confirmar-se-á uma tendência de aposta nos veteranos. A dada altura, pensou-se que este seria mesmo o último papel de Redford, mas mais recentemente, entusiasmado com tanta aclamação, terá já vindo a público dizer que "talvez não"....Christian Bale - Vice, de Adam McKay.Engordar, mudar o rosto, reformular o estilo. Para Christian Bale parece mais do mesmo mas quem o enfrente no trailer de Vice pode apanhar uma surpresa. O ator inglês está irreconhecível como Dick Cheney nesta visão sobre o homem que mudou o curso da história recentemente americana durante a administração de George W. Bush. Além do mais, em Hollywood, Bale e os seus golpes de mimetismo são sempre muito apoiados pelos críticos e pelos sindicatos de atores....Bradley Cooper - Assim Nasce Uma Estrela, de Bradley Cooper.Estrear-se como realizador, ser aclamado, e ter a grande interpretação da sua vida. Assim Nasce Uma Estrela, quarto remake de A Star Is Born, está a colocar Bradley Cooper nos píncaros. O ator é notável como estrela decadente de rock que se apaixona num período de dependência ao álcool. Uma interpretação presumivelmente inspirada em Eddie Vedder. As hipóteses de Cooper nesta temporada de prémios são fortes na medida em que os votantes da guilda dos atores ou dos Golden Globes costumam ter em conta os dotes de intérprete musical. De salientar que é mesmo a sua voz ao lado da de Lady Gaga....William Dafoe - At Eternity's Gate, de Julian Schnabel.Está na hora de um dos maiores atores americanos vivos? Deverá estar, em especial se contarmos que neste ano acabou por não ganhar os principais prémios que esteve nomeado em The Florida Project, mas em At Eternity's Gate pode haver finalmente justiça..Dafoe interpreta Vincent Van Gogh durante a sua passagem em Arles, local onde o filme foi rodado. As reações têm sido de deslumbramento e no Festival de Veneza chegou mesmo a vencer a Copa Volpi de Melhor Ator. Para já, não temos ainda data para comprovar o tal milagre nos ecrãs portugueses...