Radiografia do PSD. Um partido em mudança

Que partido vai Luís Montenegro, já o 19.º presidente dos sociais-democratas, receber das mãos de Rui Rio? Na reunião magna que ontem arrancou no Porto vão estar muitos dos autarcas deputados e dirigentes do PSD espalhados por todo o país.
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O PSD é um partido sedento de poder. As suas bases, que se implantaram pelos vários órgãos de poder, desde os centrais, aos regionais e locais, exigem ganhos eleitorais. E sempre que não os há ou são fracos, os líderes são sacrificados. Francisco Sá Carneiro, que fundou o partido foi o primeiro de 18 líderes que antecederam Luís Montenegro. O novo presidente, que será consagrado em congresso, recebe o partido das mãos de Rui Rio. Um partido que teve ao seu leme figuras como Pinto Balsemão, Cavaco Silva, Durão Barroso e Passos Coelho, que foram primeiros-ministros.

As últimas eleições europeias de 2019 não foram das mais simpáticas para o partido, que se ficou pelos 22,15%, embora mantendo seis eurodeputados. São eles Paulo Rangel, que foi cabeça de lista e é vice-presidente do PPE, grupo político do PSD no Parlamento Europeu, Lídia Pereira, José Manuel Fernandes, Maria da Graça Carvalho, Álvaro Amaro e Claúdia Monteiro de Aguiar.

À semelhança do que aconteceu com as europeias, as legislativas também se revelaram um amargo de boca para o líder cessante do PSD, Rui Rio, e ditaram a sua queda da presidência. Em janeiro o partido só conseguiu 27, 67% dos votos e uma bancada de 77 deputados. Um embate eleitoral ainda maior perante a maioria absoluta arrancada pelos socialistas e o crescimento de partido à direita como a IL (oito deputados eleitos) e o Chega (com 12). A liderar a bancada neste início de legislatura este Paulo Mota Pinto, que agora sairá, e dará o lugar a Joaquim Sarmento.

Apesar de o PS ter ganho as eleições autárquicas de 2021, o PSD conseguiu assumir a presidência de 113 municípios, uma parte em coligação com o CDS. Num partido em que o poder local é uma das âncoras da sua força eleitoral, a conquista da Câmara de Lisboa por Carlos Moedas, que encabeçava uma coligação, foi lida como uma vitória capaz de catapultar o partido para as legislativas seguintes (o que não aconteceu). Seja como for, os sociais-democratas lideram em nove capitais de distrito: Lisboa, Braga, Bragança, Aveiro, Viseu, Coimbra, Santarém, Portalegre e Faro. E têm um conjunto muito vasto de juntas de freguesias por todo o país.

Na Madeira, o PSD tem-se aguentado estoicamente no poder, ainda que agora em coligação com o CDS. Miguel Albuquerque lidera o governo regional. Nos Açores, houve um regresso ao poder com José Manuel Bolieiro, ainda que em coligação com CDS e PPM, e com a necessidade de apoio parlamentar regional do Chega.

Entre os militantes mais destacados do PSD, há os que se projetaram além do partido. O primeiro foi Cavaco Silva, que além de ter liderado 3 governos (dois de maioria absoluta), foi Presidente da República. Durão Barroso também deixou um governo para se candidatar à presidência da Comissão Europeia, e Marcelo Rebelo de Sousa que repetiu também avançou para Belém, onde já vai no segundo mandato.

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