Queiroz a sofrer de fora e à procura de fazer história
Carlos Queiroz pode fazer história esta noite e tornar-se no primeiro treinador português a vencer a Taça das Nações Africanas (CAN) na final que vai opor o Egito ao Senegal (19.00, Canal 11). Além disso, tem a possibilidade de entrar na restrita galeria de técnicos lusos que conquistaram títulos continentais de seleções, seguindo as pisadas de Nelo Vingada (Taça Asiática de 1996 pela Arábia Saudita) e Fernando Santos (Campeonato da Europa por Portugal em 2016).
Há, contudo, uma enorme contrariedade para o Egito gerir. O português foi expulso no jogo da meia-final frente aos Camarões de António Conceição (por palavras dirigidas ao árbitro) e posteriormente castigado com dois jogos de suspensão, uma sanção que o impede de estar esta noite a orientar a equipa no banco de suplentes.
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"Estou pronto para pagar o preço desta punição ultrajante e injusta de não poder estar nesta final. Mas sinto-me orgulhoso e honrado porque paguei esta fatura pela minha luta em defender um país e a nossa equipa de um comportamento arrogante e de uma enorme incompetência. Vamos reforçar ainda mais a nossa "Spider Web Strategic", que foi construída com esforço e sacrifício para formar uma equipa com mentalidade vencedora ", escreveu Queiroz na sua conta oficial no Twitter.
Refira-se que, além de Queiroz, o Egito tem ainda outro adjunto castigado, no caso o braço direito do técnico português, Roger de Sar, expulso no jogo dos quartos de final diante de Marrocos, também por palavras dirigidas ao árbitro. Por isso a equipa será dirigida através do banco por outro adjunto, o egípcio Diaa Al-Sayed.
Após o jogo com os Camarões, no qual foi expulso, Queiroz foi muito duro nas críticas. Além de ter visado o árbitro, acusou também a Confederação Africana de Futebol (CAF) de não respeitar o Egito, queixando-se ainda dos relvados e dos horários dos jogos: "Dediquei toda a minha vida ao futebol, não admito estar nas mãos desta gente que não está preparada."
A final desta noite fica marcada por um pormenor curioso. As grandes figuras das duas seleções, Mohamed Salah, do Egito, e Sadio Mané, do Senegal, são colegas de equipa no Liverpool, mas esta noite serão rivais dentro do relvado. A dupla dos reds é também, de longe, a mais valiosa entre todos os futebolistas presentes na CAN. Salah está avaliado em 100 milhões de euros e Mané em 80.
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Muito do que as duas seleções fizerem esta noite dependerá da magia destes jogadores. Nos seis jogos disputados até agora na competição, o avançado egípcio apontou dois golos e fez uma assistência. No Liverpool, esta temporada, marcou 23 golos em 26 jogos, contabilizando ainda nove assistências, todas na Premier League.
Já Mané foi responsável por três golos e duas assistências pelo Senegal desde que a CAN teve início. Ao serviço dos reds, esta temporada, marcou dez golos e fez uma assistência em 26 partidas.
A final terá em Inglaterra um espectador muito atento: Jürgen Klopp, treinador do Liverpool, que já fez questão de felicitar os seus dois futebolistas: "Já foi uma grande conquista para ambos chegarem à final. Estão a fazer um grande torneio e agora as coisas são mesmo assim. Um chegará feliz por ter conquistado o troféu, o outro triste por o ter perdido. Têm ambos a possibilidade de conquistar algo realmente grandioso."
O Egito é a seleção com mais palmarés na CAN, com um total de sete títulos conquistados, o último na edição de 2010. Já o Senegal, que é orientado por Aliou Cissé, ex-jogador do PSG, procura o primeiro troféu na competição, depois de ter perdido as finais de 2002 e 2019.