A torre de 60 metros que esteve prevista para o quarteirão da Portugália, na Avenida Almirante reis, vai dar lugar a edifícios com um máximo de oito andares e 26 metros de altura..O novo projeto consta da agenda da reunião desta quinta-feira da Câmara de Lisboa, mas a apreciação do parecer favorável condicionado que a autarquia se prepara para dar à proposta foi adiada, a pedido do PCP, CDS e PSD..Certo é já o voto contra do Bloco de Esquerda. Os bloquistas contestam a construção de mais um hotel "numa cidade que já mostrou precisar de investimentos mais diversificados" e defendem a necessidade de um equipamento social, "nomeadamente uma creche, numa zona que precisa e que vai ter mais densidade populacional". O BE - que tem um acordo com o executivo de Fernando Medina e é essencial para formar maioria se toda a oposição votar contra - sustenta também que as "as pessoas não foram ouvidas, apesar da polémica inicial" que rodeou este processo..Para o terreno, situado junto à cervejaria Portugália, chegou a estar prevista a construção de uma enorme torre vidrada, mas a câmara acabou por recuar, face ao clamor público que se levantou contra o edifício, que ultrapassava em muito a altura dos prédios mais altos da zona. A proposta seria depois reformulada, passando a prever uma altura de 49 metros e uma localização mais interior para esbater o impacto da construção, mas a nova solução foi também fortemente contestada e o pedido de licenciamento acabou por ser indeferido..Há um plano para construir uma torre de 16 pisos no quarteirão da Portugália.Agora, o projeto que está para aprovação da câmara prevê que os edifícios a construir terão uma altura máxima de 26 metros, com um máximo de "oito pisos acima do solo", a que se somam "dois pisos em cave destinados a estacionamento". Segundo o documento, o desenho proposto segue uma lógica "muito próxima de outros quarteirões da avenida, adotando o modelo tradicional de quarteirão, respeitando as alturas máximas quer de fachadas, quer de construções"..No conjunto, o novo projeto prevê a criação de 98 fogos e 165 unidades de alojamento destinadas a uso turístico. Os edifícios terão também espaços comerciais e de serviços. Tratando-se de um quarteirão, com frente para duas ruas opostas, fica previsto o atravessamento pedonal da Avenida Almirante Reis para a Rua António Pedro, que será de "titularidade privada", mas "objeto de um ónus de utilização pública"..De acordo com a documentação que será hoje levada a reunião da Câmara, o promotor da obra (o Fundo de Investimento Imobiliário Sete Colinas) avançou inicialmente com a proposta de cedência de um edifício com uma área de 588 metros quadrados, onde a câmara admitia instalar uma creche, um equipamento público em falta naquela zona, segundo os serviços municipais..Novo projeto corta 11 metros à torre da Portugália.Mas, segundo os documentos, o requerente veio depois propor, em alternativa, a entrega de habitações à autarquia, pelo que os serviços da câmara remetem a construção da creche para "outras operações urbanísticas na freguesia de Arroios", optando por afetar estes fogos ao programa de Renda Acessível. Segundo a autarquia, as contrapartidas passarão por promover a "afetação de logradouro privado a utilização pública", novas "ligações pedonais" e o que a autarquia qualifica como uma "oferta relevante de habitação acessível" por forma a responder "ao estado de carência habitacional do concelho de Lisboa". Esta cedência é uma obrigação legal, aplicável a construções de impacto significativo na cidade, quando a obra não acrescente zonas verdes de fruição pública ou equipamentos de uso público..No pedido de informação prévia apresentado à câmara, e ao qual ao autarquia propõe dar um parecer favorável condicionado, fica também prevista a reabilitação da Cervejaria Portugália e da antiga Fábrica de Cerveja ("bens imóveis que integram a Carta Municipal do Património Edificado e Paisagístico"), envolvendo "obras de alteração, bem como a realização de obras de ampliação através da construção de dois novos blocos". De acordo com o documento os edifícios existentes mantêm-se afetos ao uso terciário. Já os novos blocos a construir nesta parcela do terreno "destinar-se-ão ao uso habitacional, comércio e serviços". No lado sul é proposta a "construção de um novo edifício, constituído por dois blocos"..Artigo atualizado às 12h00 com a posição do Bloco de Esquerda e às 12H35 com a concretização do adiamento da discussão e votação..susete.francisco@dn.pt