Quarentena permitiu à polícia italiana deter um mafioso em fuga
Um dos principais membros do clã mafioso 'Ndrangheta foi preso na Itália depois da polícia, ajudada pela quarentena anti-coronavírus, ter visto o fugitivo a fumar no interior de uma casa aparentemente deserta, disseram as autoridades italianas esta sexta-feira.
Cesare Cordi, 42 anos, descrito pela polícia como uma "figura principal" da 'Ndrangheta de Locri, no sul da Calábria, estava em fuga desde agosto, quando um juiz emitiu um mandado de detenção.
Graças às ruas vazias e às ordens de permanência em casa impostas por todo o país devido ao risco de coronavírus, a polícia, que procurava Cordi há meses, encontrou-o numa casa na cidade de Bruzzano Zeffirio, ao fim do dia de quinta-feira.
"O brilho de um cigarro - visível pela abertura de uma persiana - foi suficiente para dar aos carabinieri a certeza de que naquela casa estava o homem procurado", disse a polícia da província de Reggio Calabria, que efetuou a ação, em comunicado.
Cerca de uma dúzia de pessoas ligadas ao clã Locri foram detidas em agosto por suspeita de vários crimes, incluindo associação criminosa, extorsão, transferência fraudulenta de ativos e posse ilegal de armas.
A 'Ndrangheta, uma confederação de cerca de 100 grupos organizados, centrada na região da Calábria, é considerada o sindicato do crime mais poderoso e organizado do país.
O pai de Cordi, Antonio, era o chefe do clã Locri até à sua morte em 2007.
Em dezembro, as autoridades realizaram um ataque maciço contra três outros clãs relacionados com o grupo, detendo mais de 300 pessoas.
A ameaça do coronavírus também proporcionou uma oportunidade para a polícia de outras zonas da Calábria deter um avô e o seu neto por suspeita de tráfico de drogas.
Na cidade de Cosenza, a polícia parou um carro para questionar um homem de 79 anos que conduzia de pijama e chinelos, com o seu neto de 31 anos ao lado, segundo a agência de notícias AGI.
Sob as novas restrições, as pessoas são obrigadas a ficar em casa, com apenas algumas exceções, principalmente para comprar comida ou procurar atendimento médico.
Quando a dupla não conseguiu apresentar um bom motivo para andar na rua, a polícia revistou o carro, onde encontrou uma saca plástica com 200 gramas de cannabis sob os assentos.
Os dois homens serão acusados de posse e tráfico de drogas, além de violação das medidas antivírus do governo.