Ao 17.º concerto, The National anunciam regresso para o Rock in Rio
Haverá poucas bandas assim, com uma presença tão regular nos palcos nacionais como os The National, que desde 2005, quando se estrearam no Festival Paredes de Coura, já atuaram por 17 vezes em Portugal, contando já com o concerto desta quinta-feira, no campo Pequeno, em Lisboa, como habitualmente já há muito esgotado. Mas não se ficam por aqui, e irão estar no Rock in Rio a 21 de junho, na mesma noite dos Foo Fighters.
Este ano é a segunda vez que a banda composta pelos gémeos Aaron e Bryce Dessner (ambos guitarristas), pelos irmãos Bryan e Scott Devendorf (bateira e baixo) e pelo vocalista Matt Berninger, atua em Portugal, depois de em agosto já ter estado presente em Paredes de Coura, o local onde esta longa relação de amor entre a banda do Ohio e o público português começou, há uns cada mais distantes 14 anos.
À época, os The National tinham acabado de editar o terceiro álbum de originais, Alligator, considerado por grande parte dos fãs um dos melhores da sua composta discografia. Eram, no entanto, pouco mais que um nome emergente, como se comprova pela hora vespertina a que atuaram, com o sol ainda a brilhar. Os elogios da crítica e da imprensa foram ainda assim unânimes, tal como as referências aos Joy Division ou aos R.E.M., porque quando algo novo aparece a comparação com o que já se conhece é sempre a reação mais natural.
Ainda assim, numa edição em que contaram com a concorrência de nomes como Foo Fighters, Nick Cave ou uns também estreantes Arcade Fire, a primeira aparição dos The National em palcos portugueses só ganha estatuto de histórica pelo que aconteceu depois. E foram preciso passar mais dois anos para que regressassem de novo, desta vez ao Festival do Sudoeste, na Zambujeira do mar, onde encerraram o palco secundário no último dia de concertos.
Começaram a tocar por volta das duas da manhã, mas o público ficou até ao fim, apesar do notório estado alcoolizado de Matt Berninger, porque nessa altura, à boleia do álbum Boxer, já os The National estavam a dar o salto para a primeira divisão do rock Alternativo. Acabariam por regressar mais duas vezes à Zambujeira do Mar, em 2009 e em 2011, sempre já no palco principal. Antes disso, porém, em 2008, voltaram, pela primeira vez, para um concerto em nome próprio, na Aula Magna, em Lisboa, esse sim histórico, como se adivinhava pela elevada procura de bilhetes, que esgotaram em apenas uma semana - desde então que é quase sempre assim. Quem duvidar da comunhão que existiu nessa noite entre o público e banda pode comprová-lo no Youtube, onde está disponível uma gravação integral do concerto. Regressariam ainda no verão desse mesmo ano, para atuações duas atuações em festivais, no Alive, em Algés, e no Manta, em Guimarães.
Com o estatuto de superestrelas do indie cada vez mais cimentado, os The National passaram a ser uma presença cada vez mais regular nos alinhamentos dos principais festivais nacionais, mas agora já com estatuto de cabeça-de-cartaz, como aconteceu em 2010, no Meco, no Super Bock Super Rock, onde deram um dos concertos mais elogiados pelos fãs. Em maio do ano seguinte e antes da última atuação no Sudoeste, também estiveram por cá, para dois concertos em nome próprio no Coliseu do Porto, que marcou a estreia na cidade nortenha, e outro no Campo Pequeno, em Lisboa, ambos com entrada direta para o top das melhores atuações da banda em Portugal.
A visita seguinte aconteceria só dois anos depois, no final de 2013. Tinham acabado de editar o aclamado disco Trouble Will Find Me e seria o maior concerto da banda em Portugal, no então denominado Pavilhão Atlântico, mas a noite de total consagração acabou por ser prejudicada pela má qualidade do som, como muitos se queixaram na altura. Para a história ficaria todavia a declaração de amor de Matt Berninger ao público português, como que explicando a relação especial que a banda há muito mantém com os fãs nacionais: "Quando ninguém nos prestava atenção, vocês fizeram-no. E isso tem um significado enorme para nós".
No verão seguinte, tocaram novamente no Porto, desta vez no Parque da Cidade, como cabeças-de-cartaz do Nos Primavera Sound, noutro concerto com direito a lugar cimeiro no top dos fãs nacionais. Desde então não houve ano em que não regressassem: em julho de 2016 ao Meo Arena, para o Super Bock Super Rock, em novembro de 2017 para mais uma noite memorável no Coliseu dos recreios, em Lisboa - onde, no dia anterior ao concerto, deambularam pelo Bairro Alto - e no verão de 2018 outra vez no Nos Alive, numa noite em que partilharam o protagonismo com os compatriotas Queens of the Stone Age. Estão de regresso agora, pela segunda vez este ano, para mais um concerto em nome próprio, que serve para apresentar o último disco I Am Easy to Find, editado em maio. Como é habitual, há muito que já está esgotado.
Campo Pequeno, Lisboa. 12 de dezembro, hoje, quinta-feira 20.30. €24 a €36