O MAAT lançou o desafio, os designers meteram mãos à obra e nasceram joias exclusivas e sustentáveis. A coleção "Portuguese Jewellery X MAAT: Rethink. React. Reshape", assinada por seis marcas nacionais, está agora disponível para venda no museu e na Central Tejo, em Lisboa..A sustentabilidade é o ponto comum entre as peças desenvolvidas pelas seis marcas que integram esta iniciativa, promovida em conjunto pelo MAAT e pela Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal (AORP) - Ana Bragança, Clélia Jewellery, Leão Criative, Lia Gonçalves, Mariana Machado e Wonther. Convidadas a desenvolver peças inspiradas no conceito de upcycling, através da inclusão de desperdício e materiais reciclados, juntaram-se a outras entidades com as quais trabalharam para dar vida a uma coleção original..A Wonther e a Ownever juntaram-se na criação da pulseira Interlinked, uma peça em que se reutilizaram pedaços de bio-leather que restaram da produção das malas da Ownever. Esta pulseira existe em duas versões: uma em prata 952, que é comercializada exclusivamente no MAAT e que custa 370 euros, e outra em ouro de 18 quilates, que custa cerca de cinco mil euros. A pulseira - que homenageia um mundo de ligações, nas quais a união faz a força e é sinónimo de poder - encontra-se inserida na nova coleção da marca, Interlinked, da qual fazem parte mais seis peças..A Leão Creative associou-se à Viúva Lamego e fez nascer a coleção "Renascimento", uma série de joias que resgata e dá nova vida aos azulejos quebrados da fábrica, ora isolando ou destacando o módulo - nos brincos (este da imagem custa 174 euros) - ora aplicando a sua repetição na criação de uma unidade espetacular - nas pulseiras. Renascimento porque é urgente repensar a vida dos excedentes fabris e porque recua a esse tempo em que se começaram a produzir azulejos em Portugal..Numa parceria com a Vicara Design, a Clélia Jewellery selecionou a madeira de alfarrobeira para elaborar as suas peças para esta iniciativa. Usada nas tampas do decanter de vidro "Cerne", desenvolvidas pelo artista Samuel Reis, foi nesta madeira que encontrou a durabilidade, resistência e versatilidade que pretendia. A ondulação do Tejo e a pala ondulada do MAAT serviram de inspiração para esta coleção, cujas peças, esculpidas à mão, refletem o equilíbrio entre o tosco e o elegante. O alfinete Tagus da imagem, em prata dourada e madeira, custa 185 euros..A Mariana Machado Jewellery, em parceria com a I.Glass, criou uma coleção em prata 925 composta por colar (660 euros), pulseira e brincos (275 euros) com pendentes em prata e vidro. Os elos de prata formam uma corrente; os pendentes, com um fecho estilo italiano que permite que seja pendurado em qualquer peça, dão cor ao conjunto. Na I.Glass, a maioria do vidro transparente partido durante o processo de fabrico manual é reciclado, reintroduzido no forno de fusão com a mistura vitrificável, dando origem a novas peças. O vidro colorido partido - aquele que foi usado nesta coleção - é descartado pela empresa porque contamina a massa vitrificável e tem de ser reciclado por uma empresa especializada..A arquitetura e a joalharia aliaram-se e nasceu a mini-coleção New Home. Ana Bragança fez uma parceria com o Atelier Circonflexe, um gabinete de arquitetura de ex-colegas de trabalho, na Suíça, que desenvolvem um trabalho sustentável, escolhendo cautelosamente os materiais e os métodos de construção. Às antigas maquetes do gabinete, realizadas em K-line, que iriam ser descartadas, a joalheira juntou umas estruturas realizadas num material nobre, estruturas estas que relembram cortes ou alçados de um projeto de arquitetura imaginário, onde vivem personagens e árvores feitas em Prata 925. O colar da imagem custa 175 euros..Junta-se prata reciclada de Lia Gonçalves à celulose bacteriana que foi tema da tese de doutoramento em design da investigadora Sílvia Araújo e o resultado é Ensaio, uma coleção de joias mutáveis. O manuseamento da peça será diferente de utilizador para utilizador e a degradação da celulose imprevísivel, destacando sempre a prata e os tubos soltos, inspirados no tubo-de-ensaio de laboratório. Este alfinete está à venda por 86 euros.