Coisas esquisitas imaginadas por Celso Hermínio.Galinhas com dentes e exploração do espaço, com a chegada do homem à Lua. Assim desenhava o mundo nos próximos cem anos o caricaturista Celso Hermínio no cartoon que publicou em 1903 no Diário de Notícias..As "coisas esquisitas que se verão no ano de 2003" invertia igualmente os padrões de namoro da época - na caricatura surge um homem à janela a quem uma mulher entrega uma carta, supostamente, de amor. O cartoonista imaginava ainda crianças a beber e a fumar e que os seres humanos iriam ter asas postiças para voar - a quem andasse com os pés assentes na terra colou-lhes rodas nos pés. Para os artistas, Celso Hermínio "inventou" uma geringonça que permitiria duplicar a arte - tocar piano e pintar um quadro ao mesmo tempo..Em 2558 passaremos férias em Cassiopeia?.A 1 de dezembro de 1968, o mundo ficava a saber "as descobertas assombrosas" que aconteceriam desde aquela data até ao ano 2000. Tudo com base no relatório de mais de 500 páginas do norte-americano Hudson Institute, que reunia os estudos de 35 cientistas. Uma das previsões apontava para que a população mundial fosse 6500 milhões em 2020, o dobro da de 1968. E se aqui as previsões estiveram muito próximas da realidade, já sobre o tempo de trabalho e de descanso estiveram a anos-luz: "Os lazeres ocuparão um lugar devorante (a semana de trabalho não terá senão 31 horas e contar-se-ão 137 dias úteis por ano, contra 288 jornadas de folga).".Na ciência, dizia-se que a holografia entraria no domínio público e permitiria a criação de um "supercinema tridimensional". Nos transportes, a previsão mais surpreendente avançava que Paris não estaria "a mais de 20 minutos de Boswash pelos foguetões transoceânicos, que acabarão por entrar em serviço regular...".Já no campo da biologia antevia-se a escolha do sexo dos bebés e, num segundo tempo, a reprodução em laboratório de seres humanos e as primeiras experiências de transmutação sexual entre adultos. Escrevia-se igualmente que seria possível transformar de forma permanente a aparência física de humanos e animais - o homem-camaleão seria "uma solução arrojada proposta para resolver os problemas raciais"..E mais: a mexida na memória e a eliminação de boas e más recordações e a criação de seres inteligentes. A esperança média de vida dos humanos passaria para os 90 anos (atualmente a mais alta é de 88 anos, no Japão) e seria possível desligar o cérebro de um ser humano por algum tempo, podendo essa decisão pertencer não a um ser humano mas a um computador humanizado. Para o distante 2558, anunciava-se que se passará férias em Cassiopeia e fins de semana em Marte....Daqui a 80 anos, vivemos em ilhas no céu."O sonho de Gulliver será uma realidade: cidades suspensas a muitas centenas de metros acima da Terra onde a vida decorrerá sem preocupações." O título do DN de 31 de dezembro de 1968 remetia para o que será o mundo em 2100 e previa que, nessa altura, a maioria dos nova-iorquinos habitariam em ilhas no céu. "Os habitantes não terão necessidade de descer ao solo durante longos períodos." As previsões, do arquiteto Laurence Lerner, apontavam para o crescimento das cidades na vertical e no sentido horizontal, só com o núcleo central dos edifícios a tocarem o solo. Todas as atividades diárias decorreriam no ar.."A Terra será assim devolvida em grande parte ao seu estado natural, povoada de árvores e de regatos, com animais bravios. Só uma pequena porção estará sujeita à poluição, já que os detritos serão incinerados ou feitos desaparecer no solo, através do núcleo central dos edifícios, por novos processos", dizia o arquiteto. Ainda faltam 80 anos para se saber como será....O perigo do nuclear e a mulher liberta dos trabalhos domésticos.As previsões mundiais publicadas a 31 de agosto de 1964 não iam além dos 20 anos. Modificar o cérebro humano, controlar o clima da Terra e produzir alimentos sintéticos e ver o interlocutor quando se fala ao telefone surgiam entre as proezas possíveis de realizar até 1984. A New Scientist - que o DN citava - também adivinhava alguns perigos: uma guerra nuclear e a fome mundial..Mas havia esperança - na biologia e na medicina contavam-se a vitória sobre "o vírus, o cancro e as doenças cardíacas, o retardamento do processo de envelhecimento, a transplantação de órgãos e o recurso generalizado a membros e a órgãos artificiais"..Carros a pilhas e bibliotecas clássicas substituídas por computadores domésticos eram as novidades tecnológicas apresentadas para 1984..E sobre a mulher o que se dizia? "A mulher liberta dos trabalhos domésticos, de que se encarregarão robots domésticos, desempenhará uma missão superior à da sua mãe de 1964."