Quando a política chegou à música dos The Smiths
Título: 'Meat is Muder'
Data de lançamento: 11 de fevereiro de 1985
Produtor: The Smiths
Capa: Imagem do documentário 'In the Year of the Pig' (1969) de Emile de Antonio
Editora: Warner Music
Entre a edição do primeiro e do segundo álbum dos Smiths passou apenas um ano, mas é claro o crescimento e a maturidade alcançada neste tão breve espaço de tempo. Sábia foi a decisão de se encarregarem eles próprios da produção deste Meat Is Murder, muito mais trabalhada e detalhada que a do primeiro disco.
How Soon Is Now?, o ponto alto de todo o álbum, é o exemplo perfeito disso mesmo. Camadas de guitarras em constante suspense, potenciando assim ainda mais a tensão emocional das palavras de Morrissey, que neste tema em particular atingem a sua forma mais crua e humana: "I am human and I need to be loved/ just like everybody else does".
Como o título do álbum evidencia, este Meat is Muder é também o trabalho mais vincadamente político e crítico do grupo. O tema que dá título ao álbum é um feroz manifesto pró-vegetarianismo: "and the calf that you carve with a smile/ is murder/ and the turkey you festively slice/ is murder". Já na canção de abertura, The Headmaster Ritual,são feitos claros ataques ao sistema educativo britânico da época.
Por vezes este álbum é "atacado" pela sua falta de unidade, já que além de temas mais tensos emocional e instrumentalmente como That Joke Isn't Funny Anymore ou How Soon Is Now?, inclui ainda divagações rockabilly (Rusholme Ruffians) ou canções mais dançáveis com uma linha de baixo quase funk (Barbarism Begins At Home), mas Meat Is Murder é não só um álbum com algumas das melhores canções assinadas por Morrissey e Johnny Marr, mas foi também o passo essencial no desenvolvimento da personalidade da banda para que no registo seguinte, The Queen Is Dead, atingissem o seu auge criativo.