"Qualquer dia isso vai acontecer-nos a todos nós: vamos ficar cansados"

João Mota, o diretor da Comuna - Teatro de Pesquisa, diz que compreende o cansaço de Luís Miguel Cintra e da Cornucópia na luta por um teatro sem cedências.
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João Mota, o encenador e diretor da Comuna - Teatro de Pesquisa, não esconde que este é "um momento de tristeza, de dor mesmo". Além da amizade que o liga a Luís Miguel Cintra e a Cristina Reis, os dois diretores do Teatro da Cornucópia, João Mota elogia "os fazedores de um teatro de qualidade, feito com critério e rigor", que considera "o facho, o fogo de Prometeu", que liderou o teatro português nos últimos mais de 40 anos.

"A primeira vez que os vi ainda não eram Cornucópia, foi num intermezzo ainda na Faculdade de Letras, e desde então ficámos com uma ligação que é muito maior do que a profissão. Lutámos juntos contra o fascismo, e lutámos juntos depois do 25 de abril", lembra João Mota.

"Eu percebo que a dada altura nós estamos cansados. São muitos disto, nós já não estamos novos, e as dificuldades são muitas. Não há tempo, não há dinheiro. Qualquer dia isso vai acontecer a todos nós, os mais velhos", antecipa o diretor da Comuna.

"Eles nunca cederam. Fizeram sempre o seu teatro sem cedências e com grande qualidade." A esperança, diz João Mota, fica agora depositada nos muitos atores que passaram pela Cornucópia e que "poderão agora continuar essa luz, para que não se perca."

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