Putin defende limites para o multiculturalismo
"Em alguns países europeus surgem problemas com mulheres que querem usar véu... Talvez seja melhor eu não falar sobre este tema, porque posso ser alvo de críticas, mas, não obstante, quero dizer... Claro que se deve deixar viver as pessoas como querem, mas se elas se vêem noutro meio cultural, devem respeitar o povo no seio do qual decidiram viver", declarou Putin num encontro com jovens do Cáucaso da Norte, região da Rússia onde parte significativa da população é muçulmana. "Se esse povo vê nesse comportamento uma agressão religioso-cultural, se isso causa repulsa, é preciso ser compreensivo e não impor os seus costumes", acrescentou. "Admito que algumas pessoas tenham as ideias mais radicais, mas então que vão viver para lugares onde essas ideias são a norma", aconselhou.
Vladimir Putin lançou um aviso à Europa: "Quando as pessoas começam a ir para lá de determinadas fronteiras, por exemplo, na Europa, se a população local vê que o Estado não os defende, isso leva a que elementos radicais tentem chegar ao poder. E aparecem elementos radicais do outro lado, que começam a lutar com os primeiros. A situação agudiza-se. Isso conduz a um beco sem saída". O dirigente russo lançou um apelo aos habitantes do Cáucaso do Norte, onde atuam guerrilhas separatistas islâmicas, a abandonarem estereótipos falsos de que os povos das montanhas apenas são bons combatentes e que, devido à sua mentalidade, não podem dedicar-se ao turismo e serviços. "Isso não é mentalidade, mas um baixo nível de instrução e cultura dos que pensam assim", frisou.
O Cáucaso do Norte é a região da Rússia onde se registam os índices de desemprego mais altos do país e as autoridades de Moscovo depositam sérias esperanças no desenvolvimento do turismo na região para resolver o problema e desviar os jovens desempregados das guerrilhas separatistas. Putin considerou uma "tese falsa" a ideia expressa por um dos jovens de que os povos das montanhas não vão "servir turistas". "Os montanheses são um povo orgulhoso, mas não foram criados apenas para combater. Aqui há muitas pessoas com talento: poetas, escritores, engenheiros, cientistas e militares", exemplificou Putin.
O primeiro-ministro russo lembrou que, na era soviética, "todos sabiam que no Cáucaso havia muito bons construtores, que faziam biscates em todo o país".