Publicidade de candidato à sucessão de Jardim recusada

O Jornal da Madeira, detido maioritariamente pelo Governo regional e que custa ao erário público cerca de 11 mil euros por dia, recusou publicidade de candidatura de Miguel Sousa, duas páginas relativas ao programa do candidato - um dos quatro que até ao momento se posicionaram na corrida à sucessão.
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Segundo o comunicado emitido pelo deputado do PSD/M e vice presidente da Assembleia Legislativa regional, esta decisão tem uma explicação: "A ânsia de ter razão faz mentir descaradamente sobre os outros. É o que acontece com quem manda no Jornal da Madeira, onde o seu mais ilustre escriba (leia-se Alberto João Jardim) mente ao colocar na boca de dois bonecos, dois verdadeiros paus mandados, que eu proponho fechar o Jornal da Madeira". Uma referência aos cartoons diários publicados pelo JM cujos textos são atribuídos a Jardim

Neste contexto, Miguel Sousa assume que "apetece fechar porque de jornal nada tem" e cita um dicionário para explicar que "jornal é a publicação periódica constituída por uma série de folhas grandes de papel, dobradas em caderno, onde foram impressas notícias, reportagens, crónicas, entrevistas, anúncios e outro tipo de informação de interesse público". O problema é que, escreve, o "Jornal da Madeira são só folhas dobradas sem conteúdo de interesse público. Pago à custa dos impostos de todos nós. Ou seja, cada madeirense fica com menos dinheiro para as suas despesas do mês para o governo pagar o Jornal. Esta é a verdade".

A administração do JM, denuncia, "recusou, hoje domingo, duas páginas de publicidade minhas com a publicação do meu programa à liderança do PSD-M. Para eles é fácil: os contribuintes pagam. Não precisam publicidade". E sublinha o facto de "os bonecos e o seu autor [referência ao cartoon e a Jardim] mentem" quando dizem que "há mais um a querer fechar o JM", já que no seu programa diz que "sem dúvida estaremos melhor protegidos se tivermos mais do que um jornal diário".

Só que, acrescenta, "é preciso um governo competente para viabilizar um jornal sem dinheiro do povo, mesmo que tenha de ser privado. Também afirmo que uma democracia não tem jornais do governo".

Para Miguel Sousa o JM "de jornal nada tem porque não publicou qualquer noticia sobre a apresentação da minha candidatura. Não publica notícia, não aceita publicidade. Os seus leitores têm de comprar outro 'diário' e pagar com os impostos o jornal. O tal sem conteúdo de interesse público". E termina o texto com "uma palavra" para os jornalistas, trabalhadores e colaboradores do JM "os quais sofrem em silêncio a amargura de uma gestão política que cada dia torna o jornal mais dispensável e absurdo. E podia não ser assim. Julgo eu que, em 2015, não será assim. Sem prejuízo para quem lá trabalha e com lucro para quem paga impostos".

Recorde-se o facto de não ser só Miguel Sousa o candidato banido das páginas do Jornal da Madeira. Miguel Albuquerque e Sérgio Marques foram também "apagados". Manuel António Correia, atual secretário do Ambiente, é o único consegue espaço, porque foi logo anunciado como o candidato de Jardim. Falta agora saber como é que o JM irá posicionar-se quando João Cunha e Silva, atual número dois do governo, formalizar a sua candidatura.

A verdade é que há décadas que toda a oposição tem denunciado a forma como o presidente do governo tem usado e abusado deste órgão de comunicação social pago pelo orçamento regional. Se até agora os alvos prediletos eram o PS e CDS, o foco mudou de agulha englobando o próprio PSD/Madeira. A sucessão de Jardim ganha contornos de tragédia de fim de ciclo.

Recorde-se que ontem o Conselho Regional votou contra o requerimento de Albuquerque que pedia eleições internas antecipadas e que o JM publicou na homepage as conclusões do encontro ainda a reunião estava a decorrer.

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