PSDB interrompe primárias por erros no sistema de votação

Eleições internas num dos maiores partidos do Brasil passa de "sinal de vitalidade" a "constrangimento". Governadores de São Paulo e do Rio Grande do Sul disputam vaga na presidencial de 2022
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'Milhares de filiados do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) que desde as 8 da manhã de domingo, 21, esperavam no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, o resultado da votação das primárias para escolher o candidato da formação de centro-direita à eleição presidencial do Brasil de 2022, foram abandonando, constrangidos, o recinto ao longo do dia. Por problemas informáticos, a votação terá de ser repetida talvez só em 2022. De "sinal de vitalidade" do partido que governou o país de 1995 a 2002, as primárias passaram a ser vistas como constrangimento" pela imprensa.

"O processo de votação em aplicativo encontra-se pausado em razão de questões de infraestrutura técnica, que não comportou a demanda dos votantes das prévias", disse o partido, em nota, já passava das 22 horas, em Portugal.

A retomada dos votos começou por ser anunciada para segunda-feira, dia 22, depois terça-feira, dia 23, mais tarde domingo, dia 28, e até houve sugestão de fevereiro de 2022. Os problemas da aplicação informática que permitiria aos "tucanos", como são chamados os membros do partido de Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Geraldo Alckmin, Aécio Neves e outros, escolher o seu candidato na presidencial do ano que vem, já haviam sido previstos por militantes mais ou menos anónimos.

No domingo, 14, Cabelinho, alcunha pela qual é conhecido Edson Moraes, vereador do PSDB na minúscula Tapiratiba, no interior de São Paulo, gravou um vídeo na internet a ensinar como fraudar a votação. "Eu sou o vereador Cabelinho e descobri uma coisa que não pode acontecer na aplicação de votação do PSDB. Eu vou mostrar para vocês como pode ser burlado o sistema. O sistema é falho", afirma. E, em seguida, inscreve-se para votar nas primárias com o nome de Nair Aparecida Belchior, mesmo com a sua foto e documento, e a aplicação aceita.

Por entre acusações veladas, os três candidatos em disputa, Eduardo Leite, João Doria e Arthur Virgílio, estiveram reunidos na noite de domingo com o presidente do partido, Bruno Araújo, para tentar chegar a uma solução - que ainda não chegou.

Leite, governador do Rio Grande do Sul de 36 anos, e Doria, governador de São Paulo de 63, são os favoritos a entrar numa corrida onde devem estar Jair Bolsonaro (sem partido), atual presidente, Lula da Silva (PT), Ciro Gomes (PDT) e Sergio Moro (Podemos), entre outros.

O PSDB, depois de eleger Fernando Henrique Cardoso em 1994 e 1998, foi o segundo mais votado nas quatro eleições seguintes, perdendo duas vezes para Lula e outras duas para Dilma Rousseff. Em 2018, porém. o candidato Alckmin nãp foi além dos 5%. Para 2022, os observadores dividem-se entre os que vêm o partido como "player" competitivo e os que vaticinam atá a sua extinção a prazo.

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