PSD de cabelos ao vento e os tiros de Rio ao governo
O Príncipe Perfeito saiu do Cais do Espanhol, em Alcântara, Tejo acima até à zona do Beato, apinhado de militantes do PSD, sobretudo de mulheres sociais-democratas e alguns ilustres do partido que queriam estar com Rui Rio e Paulo Rangel em mais uma iniciativa da campanha para as europeias. A volta de barco, ao final da tarde, teve muitos cabelos ao vento, hinos do PSD em catadupa, incluindo o "PSD é um rio que não vai parar", e até a declamação inflamada do"Mar português" de Fernando Pessoa. O cabeça de lista do PSD ainda validou a "experiência naútica" com o simbolismo da "identidade portuguesa". Mas o líder do PSD mostrou-se, como sempre, mesmo em águas agitadas, mais pragmático. Rio quis ir aos assuntos nacionais para atacar o governo e ali mesmo.
Ainda no barco, chamou os jornalistas a uma das salas. Tinha engatilhadas respostas para três dos assuntos da atualidade e que podem causar mossa no governo. Os jornalistas perguntaram-lhe pelo clima da campanha, e ele respondeu bugalhos... Ou melhor, respondeu o que quis. E qual o melhor sítio que um barco para criticar a "medida eleitoralista" da redução dos passes que não foi acompanhada de uma melhoria dos meios de transporte, nomeadamente na Transtejo e Soflusa."Há caos nos transportes. Saiu o tiro pela culatra".
Seguiu-se de rajada a polémica audição de Joe Berardo no Parlamento."Diversos membros do governo disseram que ficaram chocados com a audição, mas não estão chocados que o governo de José Sócrates, que tinha muitos dos atuais ministros, tenha nomeado uma administração da CGD que permitiu os empréstimos" a Berardo. "São culpados com ele os que lhe emprestaram o dinheiro". Rui Rio acabou a achar "muito bem", como pede o CDS, que sejam retiradas as condecorações ao empresário madeirense e foi mais longe: "E até alargar a lista porque há mais alguns a quem deveriam ser retiradas". Quer dizer nomes? - questionaram os jornalistas. "É melhor não, mas há nomes que me vêm à cabeça".
O ataque desferido a Rangel por António Costa por ter sobrevoado as zonas afetas pelos incêndios de helicóptero também não podia escapar ao crivo de Rio. "O primeiro-ministro deveria era estar preocupado com os que não estão disponíveis para apagar os incêndios", disse num dia em que as notícias relatavam 18 aeronaves paradas, ou seja metade da que deveria estar disponível no início da época de combate aos incêndios. Paulo Rangel ainda em terra firme, na Associação Humanitária dos Bombeiros do Dafundo tinha sido muito mais duro sobre assunto e acusou o primeiro-ministro de "incompetência", "incúria"e "negligência".
Vieram ao passeio de barco, que durou cerca de uma hora, figuras como o vice-presidente do PSD Nuno Morais Sarmento, o secretário-geral do partido, José Silvano, o líder da distrital de Lisboa do PSD e deputado, Pedro Pinto, e a deputada Teresa Leal Coelho. Lina Lopes, a líder das Mulheres Sociais-Democratas fez as despesas da iniciativa. Quis destacar a "cereja que é mais de 50% do bolo" que o partido ter uma lista ao Parlamento Europeu composta por mais mulheres que homens. As militantes aplaudiram entusiasticamente.
Deram embalo a Rangel para fazer uma "afirmação política" sobre a qualidade da lista de candidatos do partido ao Parlamento Europeu. Ali estavam para o ouvir Lídia Pereira, a líder da maior organização política de juventude da Europa, o YEPP, que é a número dois, e Maria da Graça Carvalho, antiga ministra do Ensino Superior e Ciência. "Motivados, preparados e com uma especialidade", garantiu Rangel. O candidato que, no rescaldo da agitação da crise dos professores, se diz confiante numa "vitória" a 26 de maio, porque "sente o partido mobilizado".