PS quer que Câmara reavalie projeto do Mercado do Bolhão
"Propusemos a Rui Rio que fizesse uma reavaliação do projecto, do ponto de vista técnico, de engenharia e arquitectura. Este projecto devia ter sido pensado para ser faseado. Há muitas maneiras de matar pulgas e os projectos servem para apresentar várias soluções", observou Manuel Correia Fernandes, vereador do PS, em declarações aos jornalistas.
A Lusa tentou, sem sucesso até ao momento, ouvir hoje a Câmara do Porto sobre este assunto.
O objectivo desta medida é permitir que a obra, que se debate com problemas de financiamento, possa avançar, explicou.
O PS vai ainda consultar a Comissão do Poder Local da Assembleia da República para "perguntar em que pé está o acompanhamento do processo" do Mercado.
Durante a reunião, o PS mostrou "indignação pela forma como os comerciantes do mercado estão a ser tratados", considerando que a autarquia "tem especiais responsabilidades na perda de negócio" que ali se verifica, bem como "no não pagamento de taxas e no encerramento de lojas junto a andaimes".
A Câmara do Porto está a exigir aos vendedores do Bolhão que "não exerceram a sua actividade durante 30 dias seguidos ou 60 interpolados" a devolução do espaço comercial, medida que os comerciantes contestam, segundo revelou no sábado a comissão de gestão da Associação de Comerciantes do Mercado.
Para Correia Fernandes, "existe um rigor descabido da autarquia, que não minimizou as condições do espaço", prejudicando os lojistas e dando "uma imagem francamente negativa" de um edifício emblemático.
"Este rigor na caducidade dos contratos contrasta com a complacência injustificável relativamente às esplanadas da Praça Parada Leitão, que o Igespar mandou demolir", criticou o vereador do PS.
Os socialistas consideram que "houve mais do que tempo para acautelar o financiamento" da obra desde que, "há três anos, a Câmara assinou um protocolo com o ministério da Cultura" para requalificar o espaço.
Correia Fernandes lembra que a autarquia tem o projecto Porto com Pinta, "que tem por objectivo procurar financiamento para o arranjo de fachadas de edifícios através de publicidade" e que essa seria uma possibilidade para o Bolhão, a par das receitas do próprio mercado e das verbas resultantes da venda de acções do mercado abastecedor.
Rui Sá, da CDU, também lembrou que Rui Rio "disse que ia vender acções do Mercado Abastecedor e que essa ia ser a grande fonte de financiamento do Mercado do Bolhão".
Sá lamentou também a forma como estão a ser tratados os comerciantes, quando "há responsabilidades camarárias no facto de eles não estarem a desenvolver a sua actividade normalmente".
O presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, revelou na quarta-feira que, sem uma linha de financiamento comunitário para apoiar a reabilitação do Mercado do Bolhão num montante "razoável", será "impossível" avançar com o projecto.