"A curto prazo, a aplicação de protetores solares nas folhas da videira, o uso recorrente à irrigação, o controlo de pestes, a poda e a aplicação de redes de proteção solar são soluções que podem ajudar a combater os efeitos das alterações climáticas na viticultura", avançou à agência Lusa o investigador..O aumento da temperatura e o aquecimento do planeta têm provocado mutações no processo de recolha das uvas e na sua transformação para o produto final, "sobretudo nos últimos 20 anos", referiu Carlos Lopes, professor no Instituto Superior de Agronomia de Lisboa (ISA) e um dos investigadores responsáveis pelo estudo do impacto das alterações climáticas na viticultura..As vindimas começam cada vez mais cedo devido ao calor e, em consequência, "as uvas ganham açúcar mais rápido e ficam aptas a vindimar", mas a maturação fenólica, ponto em que a planta atingiu a maturidade reprodutiva, não fica completa, disse Carlos Lopes à Lusa..O "projeto no âmbito da ação climática", ainda sem nome oficial, está a ser desenvolvido em conjunto com outros investigadores com o objetivo de traçar o futuro da viticultura.."Cada vez mais precisamos de adicionar água à viticultura, o que é um problema porque a água também é um recurso natural", salientou Carlos Lopes..João Santos é coordenador do projeto europeu Clim4Vitis, um projeto que procura reforçar a capacidade de atuação da UTAD no estudo da viticultura..O investigador partilha as mesmas preocupações de Carlos Lopes e alertou que, se houver "uvas com menor qualidade no futuro, isso vai ser muito mau para os viticultores"..Os especialistas apontam como consequências do aumento da temperatura decorrente das alterações climáticas o aumento de pestes como a cigarrinha verde, uvas com menor qualidade (uma vez que a composição química dos bagos é alterada), tipicidade do vinho diferente, quebras na produção e menor retorno financeiro para as empresas e produtores.