Prostituta acusou o arguido de lhe ter levado Rui Pedro
"Tenho a certeza absoluta que era aquele menino", afirmou Alcina Dias ao tribunal, depois de lhe ter sido exibida uma fotografia de Rui Pedro.
Questionada pelo colectivo sobre se o homem que levou a criança era o mesmo que se encontrava hoje sentado no banco dos réus, a testemunha voltou-se para trás, fixou os olhos durante alguns segundos em Afonso Dias e respondeu: "É sim senhor".
A testemunha contou ao tribunal que a criança lhe foi levada num veículo preto, conduzido por um homem jovem que identificou como sendo Afonso Dias.
Em Lustosa, o arguido, depois de perguntar à prostituta se estava de serviço, deu-lhe dois mil escudos para que esta tivesse relações sexuais com o menor, o que não veio a ocorrer.
Alcina Dias esclareceu que Rui Pedro estava muito nervoso e começou a chorar quando saiu do carro.
A testemunha citou as palavras de Rui Pedro naquele momento: "Foi ele [Afonso Dias] que me obrigou a vir às meninas".
Segundo Alcina Dias, a criança, sempre "muito ansiosa", identificou o homem como Afonso Dias, como sendo seu tio e que estava naquele local sem consentimento da mãe.
Ao tribunal, a testemunha afirmou que esteve cerca de 15 minutos a conversar com o menor, procurando acalmá-lo, num local afastado do automóvel, enquanto o arguido se mantinha no interior do veículo.
Disse também que, após a conversa, conduziu Rui Pedro ao carro e que a criança chorava quando entrou no automóvel, que arrancou em direcção a Lousada.
"Nunca mais o vi", garantiu ao colectivo.
Alcina Dias disse que reconheceu o menor, poucas horas após o seu desaparecimento, quando começou a ver as fotografias nos jornais e na televisão, garantindo que foi sempre isso que disse às autoridades.
A sessão ficou marcada por um requerimento da defesa a propósito de alegadas contradições nos depoimentos da testemunha na fase de inquérito com o que afirmou hoje em tribunal.
Pedindo a leitura dos autos, o que foi aceite, o advogado sublinhou que nunca antes a testemunha identificara de forma inequívoca o condutor do automóvel como sendo Afonso Dias.
Alcina Dias esclareceu que nas três vezes que falou às autoridades nunca lhe tinham perguntado o nome do homem. No entanto, acrescentou, foi possível identificar hoje em julgamento Afonso Dias porque lhe foi permitido, pela primeira vez, observá-lo presencialmente.
O advogado da família de Rui Pedro elogiou o depoimento da testemunha, considerando-o "corajoso e muito relevante" para o apuramento da verdade.
O tribunal marcou para o dia 14, às 09:30, em Lustosa, uma reconstituição do encontro de Alcina Dias com Rui Pedro.
O julgamento prossegue hoje à tarde, com a audição de mais alguns familiares de Rui Pedro.