Procuradoria venezuelana investiga Guaidó por "traição à pátria"
A procuradoria-geral venezuelana anunciou esta sexta-feira a abertura de uma nova investigação contra o líder da oposição, Juan Guaidó, que o presidente Nicolás Maduro acusa de "traição à pátria", por estar alegadamente a negociar entregar o território Essequibo, uma área em disputa, à Guiana.
"Chegou às nossas mãos um conjunto de provas de como este bandido e traidor da pátria, Juan Guaidó, está negociando o (território) Essequibo, para entregá-lo a troco de apoio político ao seu fantasmagórico e pretendido governo farsante", disse Maduro.
O presidente venezuelano falava durante uma cerimónia no Forte de Tiúna, a principal base militar de Caracas, durante o qual acusou o líder opositor de ter planos para entregar o território Essequibo (ou, na Venezuela, Zona em Disputa) a petrolíferas internacionais para que explorem os recursos energéticos aí existentes.
"Acho que o Ministério Público, e com convicção, tem que atuar de maneira expedita porque é um delito de traição à pátria pretender entregar o Essequibo a troco de vender o nosso país", frisou.
O presidente venezuelano divulgou o som de uma alegada conversa telefónica entre representantes de Juan Guaidó, em que um deles afirmava "o Essequibo é da Guiana e há que entregá-lo".
Nicolás Maduro voltou a denunciar que há um plano imperialista para apoderar-se dos recursos energéticos da Venezuela.
Pouco depois o procurador-geral, Tarek William Saab, anunciou a abertura da investigação "por estar alegadamente envolvido numa negociação ilegal que pretende desistir da exigência história que tem o país sobre o território Essequibo a troco de apoio político do Reino Unido".
Em 29 de março de 2018, a Guiana anunciou ter pedido a intervenção do Tribunal Internacional de Justiça para confirmar a validade jurídica e o efeito vinculativo do texto arbitral de 1899 sobre o conflito que mantém com a Venezuela, há 52 anos, pelo território Essequibo.
O Acordo de Genebra foi celebrado entre a Venezuela e o Reino Unido, quando a Guiana era ainda uma colónia britânica, que se tornou independente meses mais tarde.
Desde então, a região de Essequibo está sob mediação da ONU. Contudo, a disputa agudizou-se depois de a norte-americana Exxon Mobil ter descoberto, em maio de 2015, jazidas de petróleo em águas localizadas na zona do litígio.
O projeto de exploração da Exxon Mobil, ao serviço da Guiana, tem lugar no território Essequibo.
A Guiana insiste que possui direitos sobre a zona reclamada, mas para a Venezuela a única área sobre a qual é possível negociar é o mar, com base no Acordo de Genebra.
Caracas diz ter delimitado a sua plataforma continental com Trinidad e Tobago, mas que não o faz com a Guiana enquanto não houver um acordo mutuamente satisfatório.
A atual fronteira entre ambos países foi delimitada em 1899.