Prisão efetiva para arguidos do 'gangue do multibanco'

O Ministério Público (MP) pediu hoje penas de prisão efetiva para os 12 arguidos do processo conhecido como 'gangue do multibanco', grupo acusado de associação criminosa para roubo e furto de máquinas ATM.
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"A prova é abundante, cabal e clara. Os factos provados são extremamente graves, pois põem em causa a tranquilidade e a ordem pública, com utilização de armas e recurso à violência por parte dos arguidos. Peço penas de prisão efetiva, peço que se faça justiça", justificou a magistrada do MP nas suas alegações.

Para o MP, ficou provado que o grupo assaltou caixas de multibanco "durante a noite", com as cabeças "parcialmente tapadas", recorrendo a "rebarbadoras e a veículos de alta cilindrada, furtados através do método de car", para levar a cabo os alegados crimes de norte a sul do país, sobretudo ma Margem Sul.

Segundo a magistrada Ana Cristina Vicente, após o desmantelamento do grupo e a consequente aplicação da prisão preventiva aos arguidos, os assaltos "ao modelo das caixas ATM em causa cessaram". No entender da acusação, há uma relação direta entre a detenção dos arguidos e o fim dos furtos àquele tipo caixas de multibanco.

Para o MP, ficou ainda provado que a casa de um dos arguidos servia como base operacional do grupo, utilizada pelos arguidos para alegadamente planearem os assaltos. No local foram encontrados "uma arma de canos cerrados, várias rebarbadoras e discos de corte, luvas anti-corte, coletes anti-bala, extintores, walkie talkies, axixe e cocaína".

Para a magistrada do MP, o grupo servia-se do "apoio logístico" de um casal, também arguido neste processo, que terá disponibilizado uma quinta em Palmela para que o grupo pudesse "guardar as viaturas" usadas nos alegados crimes.

O 'gangue do multibanco', no qual Quinito, Marco d'Aires e um ex-operacional das FP25 são três dos principais arguidos, está acusado de associação criminosa para roubo e furto de máquinas ATM, com recurso a veículos de alta cilindrada previamente furtados para o efeito.

Em finais de 2010, o Tribunal da Relação de Lisboa mandou repetir todo o julgamento do 'gangue do multibanco' - acusado de roubar mais de dois milhões de euros em caixas ATM -, por entender que o primeiro julgamento "foi gravemente lesivo dos interesses e expetativas das vítimas e corrosivo para a imagem de uma Justiça que tem vivido um dos seus piores momentos".

Segundo o acórdão da Relação, o coletivo de juízes que absolveu 11 dos 12 membros do gangue fez um "errado julgamento de parte significativa" das provas levadas a tribunal.

Os juízes desembargadores expressaram "incompreensão e perplexidade" pela decisão tomada em julho de 2010 por um coletivo de juízes das Varas Criminais ante a "evidência e irrefutabilidade de algumas das provas" apresentadas pela acusação feita pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP).

Está agendado para a próxima quarta-feira, pelas 14:00, a continuação das alegações finais no Campus da Justiça em Lisboa.

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