Primeiro ciber-dissidente chinês condenado a 12 anos de prisão

Tribunal acusou Huang Qi ran de ter divulgado documentos secretos. Mãe diz que ainda não foi notificada da sentença.
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O primeiro ciber-dissidente chinês foi condenado a 12 anos de prisão após ser julgado por divulgar documentos secretos do estado. A condenação de Huang Qi ran, conhecido como 64 Tianwang - nome que recorda o massacre ocorrido na Praça de Tiananmen a 4 de junho de 1989 - é a mais dura desde que o presidente chinês Xi Jinping chegou ao poder em 2012.

Huang foi condenado por divulgar "documentos secretos e entregar documentos secretos a entidades estrangeiras", segundo a sentença divulgada pelo diário inglês The Guardian. Como pena acessória, Huang ficou sem poder exercer quaisquer direitos políticos durante quatro anos.

Os advogados do ciber-dissidente lembram que Huang é um dos maiores ativistas na divulgação de violações de direitos humanos na China e que a sua detenção é um aviso. "Enviaram [a China] um forte aviso para outras pessoas que possam ter documentos. Se silenciarem todos os que vigiam o cumprimentos dos direitos humanos vai ser difícil saber os abusos que acontecem na China", acusou Frances Eve, responsável da associação Chinese Human Rights Defenders.

Entretanto, o site de Huang, onde este divulgava casos de corrupção, violações dos direitos humanos e outros assuntos que raramente merecem a atenção dos media chineses, foi bloqueado. Este website recebeu em 2016 um prémio dos Repórteres Sem Fronteiras, tendo Huang Qi ran sido detido pouco depois - uma das várias detenções que já sofreu - na sua cidade natal, Chengdu.

A mãe de Huang, Pu Wenqing (85 anos), que tem defendido o filho, está sob vigilância policial. Pu, a quem recentemente foi diagnosticado um cancro, disse esta segunda-feira que não pode sair de casa nem receber visitas. E que a sua ligação telefónica é muitas vezes bloqueada. Acrescentou que ainda não tinha sido notificada da sentença contra o filho.

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