Primeira mulher à frente da JSD e sem ter apoiado Rio

Aos 28 anos, a consultora fiscal Margarida Balseiro Lopes torna-se a primeira mulher a presidir a estrutura jovem do partido.
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Margarida Balseiro Lopes está habituada à luta desde pequena. Não fosse ela nascida e criada na Marinha Grande, social-democrata convicta numa terra onde o PSD ocupa últimos lugares no ranking eleitoral, a contrastar com a maioria dos concelhos do distrito de Leiria - ainda vincadamente laranja.

A jovem Margarida deu nas vistas cedo, tornando-se uma das mais jovens deputadas na Assembleia da República, nas últimas legislativas. Aos 28 anos, é consultora fiscal e soma já uma larga experiência política na estrutura do partido. Quando anunciou a entrada na corrida à liderança da JSD nacional, pouco depois das diretas - em que optou por não declarar apoio a nenhum dos candidatos -, entre os jotas foi logo notória a convicção de que iria ganhar. Mesmo sabendo que o adversário, André Neves, fora um apoiante declarado de Rui Rio. Ontem, no 25.º congresso dos jovens social-democratas, que decorreu na Póvoa de Varzim, dissiparam-se as últimas dúvidas: Margarida venceu por mais de 60 votos de diferença, num total de 86.

Depois de felicitar pessoalmente no congresso a nova líder da JSD, Rui Rio considerou ter naquela estrutura "a melhor aliada" para lutar contra os "interesses instalados". "Esta estrutura partidária é muito mais livre do que a maior parte dos dirigentes do PSD", frisou o líder do partido, lembrando que uma das suas características, na vida pública, "é dar-me mal com os interesses instalados. É olhar para o interesse público e querer defendê-lo contra os interesses instalados. E que melhor aliado posso ter, como presidente do PSD, senão a JSD, que, pela sua juventude e constituição dos seus membros, é muito mais livre do que são a maior parte dos dirigentes do PSD?" De resto, Rio vai assim ao encontro dos interesses dos jotas. Numa reportagem publicada pelo DN, depois das diretas, a maioria dos jovens manifestava a esperança de ver Rio aplicar o seu lado reformista.

Ataque ao governo e credores

Rio aproveitou ainda o palco do congresso da JSD para criticar o governo por "recusar dizer quem foram os credores que ficaram com o nosso dinheiro", impedindo "melhorar a qualidade de vida das pessoas". "Estamos a falar de um escasso número de pessoas que ficou a dever milhões e milhões à CGD e ao Novo Banco [BES ]. Nalguns casos, serão provavelmente os mesmos de um lado e de outro. Mas, se não temos capacidade para melhorar a qualidade de vida das pessoas e o poder de compra dos funcionários públicos, digam, pelo menos, quem são os principais responsáveis por isso ter acontecido", afirmou.

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