Presidente e Governo condenam assassínio de opositor
O primeiro-ministro da Tunísia, o islamista Ali Larayedh, condenou hoje o assassínio do deputado da oposição Mohamed Brahmi, que qualificou de "crime odioso".
O assassínio, que desencadeou protestos e apelos à demissão do Governo, foi já condenado pela ONU, pelos Estados Unidos, pela França, pela Suíça e pelo Conselho da Europa.
"Denuncio, da maneira mais firme, este crime odioso, que visa a Tunísia no seu todo e a sua segurança", disse o primeiro-ministro, numa declaração à imprensa.
Larayedh criticou igualmente os apelos à desobediência civil e os protestos e pediu aos tunisinos que deem mostras de calma e contenção.
Várias manifestações realizaram-se hoje depois do anúncio do assassínio de Mohamed Brahmi com onze tiros à queima-roupa, quando saía de casa, perto de Tunes.
O Presidente da Tunísia, Moncef Marzouki, também condenou o assassínio, acusando os responsáveis de quererem demonstrar que a "primavera árabe" fracassou.
"Os responsáveis por esta tragédia querem mostrar que a Tunísia não é uma terra de paz, querem mostrar que a 'primavera árabe' fracassou em todo o lado", disse o Presidente.
Marzouki, que se mostrou emocionado, manifestou "profunda dor" por esta "segunda catástrofe nacional", depois do assassínio, a 06 de fevereiro passado, do também opositor Chokri Belaid, que mergulhou a Tunísia na crise mais grave desde a deposição de Zine Azidine Ben Ali, em janeiro de 2011.
A família do deputado assassinado acusou entretanto o partido islamista no poder, o Ennahda, de responsabilidade na morte de Brahmi.
"Acuso o Ennahda, foram eles que o mataram", disse a irmã do deputado, Chhiba Brahmi, citada pela agência France Presse.
Na sequência da morte de Brahmi, realizaram-se manifestações junto do Ministério do Interior para exigir a demissão do Governo, horas depois do seu assassínio.
A polícia interveio quando os manifestantes bloquearam a avenida Habib Bourguiba, no centro da capital, enquanto gritavam "Abaixo o partido dos irmãos, abaixo os torcionários do povo", uma referência às ligações do partido islâmico Ennahda, no poder na Tunísia, e a Irmandade Muçulmana do Egito.
Segundo a AFP, várias manifestações realizaram-se ontem depois do anúncio do assassínio do deputado opositor.
A situação acalmou pela hora do "iftar", a refeição que quebra o jejum diurno do Ramadão, após a qual os manifestantes regressaram às ruas, para onde foi mobilizado um importante dispositivo policial.
"É hoje que o Ennahda cai", gritaram os manifestantes, na sua maioria jovens.
O assassínio de Brahmi é o segundo de um dirigente da oposição em 2013, depois de, em fevereiro, o líder da esquerda Chokri Belaid ter sido morto a tiro, também à porta de casa.
Greve geral de protesto
A companhia aérea tunisina e a sua filial Tunisair Express anunciaram a anulação de todos os voos programados hoje de e para a Tunísia devido à greve geral de protesto contra o assassinato de Mohamed Brahmi.
Num comunicado divulgado quinta-feira à noite, as empresas apresentam as suas desculpas aos passageiros e convidam-nos a remarcar os voos "sem custos suplementares".
A principal central sindical tunisina (UGTT) decretou uma greve geral em todo o país, após o opositor nacionalista de esquerda, Mohamed Brahmi, ter sido abatido a tiro frente a sua casa, perto de Tunes.
"A União Geral dos Trabalhadores Tunisinos anuncia uma greve geral na sexta-feira [hoje] em todo o território tunisino contra o terrorismo, a violência e os assassínios", afirmou o sindicato, num comunicado.
A central sindical anunciou igualmente "a organização de funerais nacionais para o mártir".