Presidente da ANF: Incumprimento dos pagamentos deve-se à falta de dinheiro
"Foi dada a explicação de que não havia dinheiro", afirmou à agência Lusa João Cordeiro, remetendo para o Executivo madeirense outros esclarecimentos sobre a justificação, mas lamentando "profundamente" a situação que classifica de uma "irresponsabilidade enorme".
Hoje, a ANF publicou um anúncio na imprensa informando que as farmácias vão deixar de dispensar medicamentos a crédito à população da Região Autónoma da Madeira a partir de quinta-feira.
O presidente da ANF explicou que o anúncio "é um aviso à população de que a partir do dia 15 vai ter que pagar a totalidade dos medicamentos nas farmácias e depois deverá dirigir-se às repartições do Governo Regional para ser reembolsada".
João Cordeiro esclareceu que "no princípio deste ano chegou-se a um acordo, um compromisso em que o Governo Regional garantia o pagamento mensal de quatro milhões de euros, o que permitia recuperar a dívida em oito anos".
"Aceitámos a proposta do Governo Regional e, lamentavelmente, agora em novembro o Governo já não cumpriu com esse compromisso", referiu o responsável, defendendo que "a associação e as farmácias da Madeira viram-se na necessidade de tomar decisões sobre esta matéria, porque a alternativa seria as farmácias não terem medicamentos em 'stock' para abastecer os madeirenses".
O presidente da ANF insistiu: "Se a associação não estivesse a garantir o pagamento às farmácias, substituindo-se ao Governo Regional, não seriam muitas, seriam todas as farmácias que estariam hoje sem medicamentos".
"Estamos a falar de facturação de 2009, de mais de dois anos, eu diria que toda esta situação é de uma irresponsabilidade enorme e eu só lamento é que mesmo os compromissos que são propostos pelo Governo Regional, esses compromissos não sejam depois cumpridos", adiantou.
João Cordeiro prometeu que se até quarta-feira o Governo Regional pagar o estabelecido no plano a suspensão não é concretizada.
"Neste momento o que está em falta são dois milhões [da dívida atrasada] e têm que nos garantir que até ao fim do mês nos irão pagar os quatro milhões [deste mês]", acrescentou.
A agência Lusa tentou obter um comentário do secretário Regional dos Assuntos Sociais, mas foi informada de que Francisco Jardim Ramos não vai falar publicamente sobre a situação, uma vez que estão a ser feitas diligências para a ultrapassar.