Presidente alemão pede perdão por massacre nazi
"Com vergonha e dor, eu peço perdão em nome da Alemanha às famílias das vítimas", declarou Gauck, durante a deslocação que realizou hoje a Liguiades, uma vila situada na região do Épiro, a cerca de 400 quilómetros a noroeste de Atenas, perto da fronteira com a Albânia.
"Eu curvo-me diante das vítimas de um crime monstruoso", acrescentou o Presidente alemão, ansioso por "exprimir o que os autores (dos crimes) e outros responsáveis políticos do pós-guerra não quiseram dizer: o que se passou aqui foi de uma injustiça brutal".
Nesta aldeia de Liguiades, a 03 de outubro de 1943, os nazis mataram mais de 80 pessoas, das quais dezenas de crianças, em represália aos ataques da resistência grega contra o exército alemão.
Joachim Gauck foi acompanhado ao local pelo Presidente grego, Carolos Papoulias, de 84 anos, originário da região e que participou da resistência antinazi entre 1942 e 1944.
Papoulias estudou na Alemanha e permaneceu naquele país durante a ditadura dos coronéis (1967-74) na Grécia.
"São as frases não ditas que constituem uma segunda falta, por apagar as vítimas da memória", afirmou o político alemão.
Um dos seus predecessores, Johannes Rau, esteve em 2000 noutro local de outro crime sangrento cometido pelos nazis, em Kalavrita, no Peloponeso, e reconheceu a culpa alemã, embora não tenha pedido perdão.
Durante a visita de dois dias à Grécia, Joachim Gauck foi confrontado com a reivindicação de reparações financeiras ao seu país para compensar os crimes cometidos durante a ocupação dos nazis na Grécia (1941-44) e uma dívida imputada à força à Grécia em 1942.
Este é um velho debate reavivado pela crise económica, em que muitos responsabilizam a Alemanha pela austeridade drástica imposta à Grécia desde 2010.