Dupla distinção para Luísa e Salvador Sobral
Não tem a grandiosidade do jantar da Associação da Imprensa Estrangeira nos EUA, mas o presidente esteve presente na cerimónia e ainda condecorou os premiados. Salvador e Luísa Sobral receberam esta segunda-feira, na Fundação Calouste Gulbenkian, o prémio Martha de La Cal para personalidade do ano de 2017 e receberam das mãos de Marcelo Rebelo de Sousa a medalha da Ordem do Mérito em nome de Portugal. "Foi o triunfo total de uma canção", referiu o Presidente da República.
"Levaram o nome de Portugal pelo mundo inteiro da melhor maneira, foi o tema que mais trabalhámos", afirmou a jornalista espanhola Begoña Iñiguez, presidente da Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal (AIEP), lembrando aquele 13 de maio e o que se seguiu, "depois de muitos dias de trabalho com a visita do Papa" e justificando assim a atribuição do galardão instituído em 1990 e agora com o nome da norte-americana Martha de La Cal (1927-2011), correspondente da revista Time em Portugal a partir de 1972, que esteve na fundação da associação e aqui viveu por mais de quatro décadas.
"Receber este prémio dos jornalistas que levam o nome de Portugal lá fora é um orgulho enorme", disse Luísa Sobral, agradecendo o prémio. "São momentos que vamos guardar para sempre", referiu a cantora, arrancando de seguida os risos da plateia do auditório da Fundação Calouste Gulbenkian. "Isto só pode ir para baixo", brincou. O alívio cómico de um discurso em que a compositora, de 30 anos, se congratulou por a interpretação de Salvador Sobral de Amar pelos Dois ter conseguido unir o país.
O cantor juntou ao agradecimento público pelo prémio um pedido, com o ministro da Cultura, Luís Castro Mendes, e a vereadora para a Cultura da Câmara Municipal de Lisboa, Catarina Vaz Pinto, na primeira fila do auditório da Gulbenkian: "Que seja um incentivo para aumentar o Orçamento do Estado para a cultura, que é vergonhoso, e para baixar o IVA dos bilhetes para 6%." A sala aplaudiu.
O Presidente da República lembrou também o papel de atletas e artistas que "na prática, são embaixadores de Portugal". "São embaixadores mais qualificados do que a generalidade dos embaixadores", afirmou. "O senhor ministro da Cultura que me perdoe", disse a Luís Castro Mendes, diplomata de carreira.
"Onde quer que tenha ido depois de maio de 2017, um tema que apareceu sempre foi o louvor rendido a Luísa e a Salvador Sobral", disse Marcelo Rebelo de Sousa, abrindo o discurso, garantindo que o mesmo sucedeu com os visitantes estrangeiros que recebeu em Portugal, contrariando quem pensava que "a Eurovisão tinha caído em desuso" e que "já não se vê televisão da mesma maneira".
E concluiu: "A própria atuação de Salvador Sobral, a sua atitude em palco e fora dele, a sua incomodidade com o sucesso, o seu modo direto de dizer as coisas, o modo como enfrentava uma situação pessoal", contribuíram para que a vitória em Kiev fosse "ainda mais portuguesa".