Percorremos lineares de supermercado e encontramos uma profusão de pequenas delícias a que nos entregamos depois em casa, trate-se de refeições congeladas completas, preparados frescos prontos a levar ao forno, ou de elementaridades como croquetes, rissóis e pastéis de bacalhau. Preparamos legumes, arroz ou batatas para acompanhar e está a refeição pronta na mesa para a família. O desafio é o tempo que é preciso dedicar a essa parte do dia e as azáfamas escolares e profissionais a que agora voltamos inevitavelmente comprimem a escala; tudo tem de ser rápido. Confesso-me utilizador recorrente dessas soluções, a que tento sempre dar graça com as manipulações favoritas; a versão nua e crua nunca me satisfaz. Os meus filhos foram desde muito novos habituados a comida autêntica e boa, todos cresceram a frequentar a cozinha e os restaurantes como espaços naturais para viver, ser felizes e fazer os outros felizes. A deceção geral com pratos fabricados em série merece há muito maior aplicação por parte das grandes marcas de comida pronta, dita de quinta gama, assim como pela mão autoral dos chefs de primeira linha. Não há razão plausível para que tal não aconteça. Certo é que vai apenas timidamente aparecendo, e as poucas referências que colhem têm vida comercial curta, saindo rapidamente de linha..A equação é simples. Começa na pessoa do cozinheiro e respetivo talento culinário, a que há que juntar a capacidade e experiência de cozinhar para centenas ou milhares de pessoas. Enraíza no receituário bem estabilizado e testado, e termina na forma apelativa com que é mostrado. A ratificação tem de ser universal, por razões evidentes, a principal das quais é a de o cozinheiro não ter contacto direto com os que se sentam à mesa em torno da sua comida. O chef Pedro Amaral Nunes, proprietário feliz e realizado do restaurante São Gião, em Moreira de Cónegos, é também autor de uma das melhores operações de catering do país e é exímio justamente na arte de produzir sabores e soluções tradicionais em grande escala, como se de cozinha caseira se tratasse. Criou a marca Açafrão sob a qual decidiu em boa hora disponibilizar dezenas de produtos frescos, fumados e congelados. A combinação única de génio e coração que personifica tornam inevitável a adoção para fornecimento de alegria aos amantes de sabores autênticos e cozinha sem disfarces..Selecionei cinco títulos do extenso cardápio Açafrão, após um nada doloroso "test drive" proposto pelo chef que tenho o privilégio de acompanhar de perto desde há muito mas de quem não conhecia esta faceta mais industrial. Uma descoberta notável, há que dizê-lo, a confirmar a regra de que um grande cozinheiro é um criador que convive bem com a complexidade e ao mesmo tempo detém fortíssimo arsenal técnico. O trabalho de grande talante de Pedro Nunes no domínio das carnes e peixes fumados está bem patente no possante e maravilhoso salmão fumado (52 euros/kg), embalado em filetes de cerca de um quilo que depois cortamos a gosto. Cuidado enorme na seleção da matéria-prima, técnica de assinatura única que quem já frequentou o labor do chef conhece e memorizou para a vida. Seguindo com cuidado as indicações constantes na embalagem, tocamos no céu com a empada de bacalhau (2 unidades, 6,90 euros)..Há que saber dar-lhe o tratamento de forno adequado, para atingir por um lado a crocância ideal da massa folhada, por outro a cremosidade do inefável recheio. O sabor do fiel amigo bem detalhado, a solução culinária em si que vicia logo na primeira investida, em menos de uma hora o milagre acontece nas nossas casas. Há muita ousadia no caril de frango com arroz (5,50 euros), ao qual confesso que acrescentei a minha própria, com um piripiri forte feito em casa e um tinto do Bombarral encorpado. Absolutamente consensual e de grande matriz cultural, este título Açafrão. O pernil - ou joelho - de porco assado (7,70 euros) é um ato de generosidade de Pedro Amaral Nunes, em que apetece pegar de várias formas. A consistência e fusão perfeita de sabores das gorduras e fumos entremeados espevita a vontade ao mais arredio dos cozinheiros. Um tratado. Termino a seleção com as asinhas de frango com molho teryiaki e arroz (6,50 euros), de resto novidade no portfólio Açafrão. Irrepreensível no sabor e na textura, vai conquistar pequenos e graúdos à mesa, e juntando três ou quatro embalagens, vai ter muito sucesso como prato principal em jantares de amigos. No final de cada experiência Açafrão, intimamente vamos à cozinha agradecer ao chef Pedro Amaral Nunes, como se ele ali estivesse. Que no fundo está..Onde encontrar.Auchan Gourmet Amoreiras.Amoreiras Shopping Center.Av. Eng. Duarte Pacheco.1070-103 Lisboa.Tel. 210 457 750.10:00-21:00.Fecha: Não fecha..Loja online em auchan.pt.Possibilidade de entrega em casa.