Em comunicado, o SEF relaciona esta detenção, feita em cumprimento de mandado europeu, com a operação "Amouda" que em janeiro deste ano levou à detenção e prisão preventiva, também em Lisboa, de quatro outras pessoas indiciadas pelos crimes de associação ao auxílio à imigração ilegal, falsificação ou contrafação de documentos, casamentos de conveniência e associação criminosa..Igualmente no âmbito da investigação de casamentos de conveniência, o SEF revela que quatro dos seus inspetores colaboraram, na última semana, na realização de sete buscas domiciliárias nas localidades alemãs de Karlsruhe, Aalen, Freiburg e Mahlberg..Da operação resultou a apreensão de documentação diversa "que comprova a atividade desta rede, nomeadamente certidões de casamento fraudulentas, passaportes de cidadãs portuguesas, comprovativos de pagamentos de viagem e recibos de envio de dinheiro entre membros da rede, bem como diverso equipamento, como 'smartphones' e computadores portáteis", descreve o comunicado.."Estas buscas permitiram estabelecer ligações entre a investigação em curso, levada a cabo pelo SEF, e outras investigações a decorrer na Alemanha", sublinha o texto..O SEF recorda que em janeiro deste ano desencadeou, com o apoio da Europol e da Eurojust, a operação "Amouda", que permitiu desmantelar "uma rede que se dedicava à angariação de portuguesas que se deslocavam à Bélgica e à Alemanha, fazendo-se passar por esposas de cidadãos estrangeiros, a fim de facilitarem a sua legalização nestes países, abrirem empresas e obterem benefícios da Segurança Social"..As mulheres portuguesas, sublinha o comunicado, eram recrutadas para casar com homens originários do sul da Ásia, que não conheciam, e, em contrapartida, recebiam cerca de cinco mil euros.."Depois, os casais viajavam para a Bélgica, onde os cidadãos indostânicos tentavam a legalização por via do casamento com cidadã comunitária, o que permitia aos maridos permanecer na União Europeia, obter autorizações de residência e, em seguida, obter lucros ilícitos com benefícios sociais", relata..A estrutura em território português "angariava mulheres, falsificava as certidões e organizava as viagens das 'esposas'"..O início destas investigações remonta a 2016, após as autoridades belgas terem detetado um aumento suspeito do número de certidões de casamento emitidas em Portugal, que viriam a revelar-se falsas..Devido à natureza internacional do crime foi criada uma equipa conjunta de investigação entre a Polícia Federal Belga e o SEF..A Europol apoiou a operação conjunta no centro de coordenação criado pela Eurojust e analistas deste organismo europeu de polícia foram destacados para a Bélgica e Portugal para verificação cruzada de informações em tempo real e análise forense de telemóveis.