Portugal ultrapassou as mil mortes. Casos sobem 1,2%
Em Portugal, nas últimas 24 horas, morreram mais 18 pessoas (um aumento de 1,8%) e foram confirmados mais 306 casos de covid-19 (mais 1,2%). Segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS), desta sexta-feira (1 de maio), há agora no país 25 351 infetados, 1647 recuperados (mais 128) e 1007 vítimas mortais. A barreira das mil mortes levou um mês e meio a ser ultrapassada.
Um número redondo e pouco feliz, que, no entanto, não significa uma evolução negativa da pandemia. Chega também acompanhado de outros indicadores positivos, como é o caso do número de internamentos, que tem vindo a diminuir no último mês e que atinge agora o menor número de pessoas em tratamento nos hospitais. Estão internadas 892 pessoas (menos 76 que esta quinta-feira), destas 154 encontram-se nos cuidados intensivos (menos 18). 86% dos doentes estão a ser tratados em casa. "Há uma percentagem relativamente reduzida de internamentos", assumiu a ministra da Saúde, Marta Temido, esta sexta-feira, em conferência de imprensa.
Segundo o boletim da DGS, aguardam resultados laboratoriais 3828 pessoas e estão em vigilância pelas autoridades de saúde mais de 29 mil.
A primeira vitima mortal portuguesa - um homem de 80 anos - foi anunciada pela ministra a 16 de março. Um mês e meio depois, o dia mais mortífero aconteceu a 3 de abril, quando se registaram 37 óbitos.
A taxa de letalidade do país (a diferença entre o número de mortes e de infetados) é agora de 3,9%, sendo que a maioria das vitimas mortais dizem respeito a pessoas com mais de 70 anos (faixa etária onde a taxa de letalidade é de 14,2%). Não há registo de nenhuma morte antes dos 40 anos. E o índice de mortalidade é idêntico entre homens (493) e mulheres (514). Quando mais de metade dos infetados (59,1%) são do sexo feminino.
"Os nossos níveis de letalidade estão de acordo com o que se passa em outras regiões do mundo", garantiu, esta sexta-feira, a Diretora-Geral da Saúde. "Não podemos deixar de dizer que todos os dias temos assistido a uma diminuição do número de óbitos", disse Graça Freitas.
A maioria das vitimas mortais (57,4%) continua a ter localidade de residência a norte do país, onde há agora 578 vitimas mortais (mais 12 que ontem) e 15 231 doentes. Segue-se a região centro com 201 óbitos (mais três) e 3419 infetados. Os restantes três óbitos dos 18 que se registaram nas últimas 24 horas aconteceram na região de Lisboa e Vale do Tejo, que tem agora 202 mortes e 5939 infetados.
No Algarve, onde até ao momento já foram declarados 13 óbitos, não se registou nenhuma alteração no último dia. Continuam a ser 331, as notificações de infeção pelo novo coronavírus. No Alentejo, aumentaram 11 casos e mantém-se uma morte. Os números dos Açores (127 infetados, 12 mortes) e da Madeira (86, sem óbitos) mantêm-se exatamente iguais aos do boletim de quinta-feira, à semelhança do que aconteceu no Algarve. Apesar da Autoridade de Saúde Regional dos Açores ter avançado, esta sexta-feira, que foram diagnosticados mais quatro casos positivos na ilha de São Miguel e uma morte no Hospital do Divino Espírito Santo, de Ponta Delgada.
A nível municipal, há cinco concelhos em Portugal com mais de mil casos confirmados: Lisboa (1496), Vila Nova de Gaia (1404), Porto (1236), Matosinhos (1142), Braga (1079) e Gondomar (1010), de acordo com os dados da plataforma Sinave, que integra informação sobre 85% dos casos confirmados.
A redução do número de mortes, em conjunto com o controlo da transmissão "a um nível considerado aceitável", foram os dois parâmetros estabelecidos pela ministra da Saúde, em conferência de imprensa, como sendo fundamentais vigiar nos próximos tempos. "O país está mais pronto e precisa de retomar a sua vida económica, social", declarou Marta Temido, lembrando que "esse sucesso continua a depender de nós", com uma nota de agradecimento especial e alusiva ao feriado desta sexta-feira.
"Sendo hoje dia do Trabalhador é merecida uma especial referência a todos aqueles que mantiveram o esforço do país nesta fase particularmente difícil e dura, desde logo os profissionais de saúde", disse a responsável pela pasta da Saúde, num apelo à sociedade civil para que se "preparem as condições sanitárias para que aqueles que vão regressar ao seu local de trabalho o façam com a maior tranquilidade e segurança possível".
Embora o surto não possa ser dado como controlado, passados dois meses do início da pandemia em Portugal, os número de novos infetados abrandaram. O risco de transmissão do vírus é agora de 0,92 (ou seja, nem todos os doentes transmitem o vírus a uma pessoa), quando este indicador já se encontrou nos 2,53. Assim, a partir de segunda-feira o país inicia uma tentativa de regresso à normalidade.
O pequeno comércio, cabeleireiros, livrarias e balcões das Finanças vão reabrir. No dia 18, é a vez dos restaurantes; as crianças podem voltar à creche e os alunos dos 11.º e 12.º anos à escola. Estas são algumas das etapas do plano de desconfinamento, que durará até 1 de junho e será avaliado de 15 em 15 dias. Já com a promessa do primeiro-ministro de que se correr mal será necessário voltar atrás. "Cada vez que eliminarmos uma restrição, o risco de contaminação aumenta", lembrou António Costa, esta quinta-feira (30 de abril), em entrevista à RTP,
O estado de emergência termina este sábado, e dá lugar, domingo, ao estado de calamidade. Uma suavização que não envolve um descuido das medidas sanitárias tão citadas pelas autoridades de saúde: o distanciamento social é para manter, tal como as medidas de higiene e de etiqueta respiratória. O Estado deixa de poder acionar alguns mecanismos, como as cercas sanitárias, e, por isso, é pedido um cuidado redobrado aos cidadãos. António Costa apelou mesmo a um dever cívico de ficar em casa. Marta Temido lembrou hoje que "não se espera que na segunda-feira os portugueses saiam à rua como se não estivéssemos debaixo de uma situação epidémica".
Também o uso de máscaras passa a ser obrigatório em espaços pequenos e fechados, nomeadamente, nos transportes públicos. Quem não cumprir esta regra está sujeito à aplicação de uma multa. Sobre a disponibilidade deste equipamento de proteção, a ministra da Saúde indicou que têm sido feitos "todos os esforços, quer através da importação, quer da produção nacional", acreditando que não vão faltar máscaras.
"A nossa expetativa é conseguirmos garantir o abastecimento constante de equipamentos de proteção individual", disse Marta Temido.
O novo coronavírus já infetou 3 321 767 pessoas no mundo inteiro, até esta sexta-feira às 10:45, segundo dados oficiais. Morreram 234 404 e há 1 049 834 recuperados.
Os Estados Unidos da América são o país com a maior concentração de casos (1 095 304) e de mortes (63 871). Seguidos de Espanha, a segunda nação com mais infetados (239 639) e a quarta com mais vitimas mortais (24 824). Nas últimas 24 horas, o país registou mais 281 mortos (mais 13 que no dia anterior).
Itália é o terceiro país com mais casos (205 463) e o segundo com mais óbitos (27 967). Seguem-se o Reino Unido, França, a Alemanha, a Turquia e a Rússia, todos com mais de cem mil casos. O último anunciou hoje um número recorde de infeções: 7933 novos casos, o que eleva o total para 114 431 e 1169 mortes. Portugal surge em 18.º lugar nesta tabela.
Para que seja possível conter ao máximo a propagação da pandemia, a Direção-Geral da Saúde continua a reforçar os conselhos relativos à prevenção: evite o contacto próximo com pessoas que demonstrem sinais de infeção respiratória aguda, lave frequentemente as mãos (pelo menos durante 20 segundos), mantenha a distância em relação aos animais e tape o nariz e a boca quando espirrar ou tossir (de seguida lave novamente as mãos).
Em caso de apresentar sintomas coincidentes com os do vírus (febre superior a 38º, tosse persistente, dificuldade respiratória), as autoridades de saúde pedem que não se desloque às urgências, mas sim para ligar para a Linha SNS 24 (808 24 24 24) ou para a unidade de cuidados primários mais próxima.