Portugal reencontra Coreia, 20 anos depois do triste episódio de Seul

Uma das páginas mais negras da história da seleção nacional. Assim se pode resumir o único jogo oficial entre Portugal e a Coreia do Sul, que amanhã (2 de dezembro) se reencontram 20 anos depois num Campeonato do Mundo..Desta vez, a história começa por ser diferente, afinal a equipa das quinas já está apurada para os oitavos-de-final, faltando apenas saber se ficará em primeiro do grupo. No dia 15 de junho de 2002 teria bastado um empate, em Seul, uma vez que no outro jogo a Polónia venceu os Estados Unidos. Só que o descontrolo emocional dos jogadores portugueses deitou tudo a perder bem cedo, ainda com o 0-0 no marcador. João Vieira Pinto teve uma entrada duríssima sobre Ji-sung Park e o árbitro argentino Ángel Sánchez expulsou o avançado português que não se conteve e deu-lhe um soco no abdómen..Na segunda parte, foi o defesa-central Beto a ver o segundo amarelo e a recolher mais cedo aos balneários. A jogar com nove jogadores, Portugal acabou por sofrer o golo que ditou o adeus ao Mundial 2002, marcado por Ji-sung Park, avançado que jogava no PSV Eindhoven e que mais tarde brilhou no Manchester United, ao lado de Ronaldo e Nani..Mais do que a eliminação prematura de uma seleção cheia de talento, a agressão de João Pinto ao árbitro Ángel Sánchez dominou as notícias de todo o mundo. Até porque o jornal argentino Olé, revelou aquilo que o juiz disse durante a partida. "Deu-me um murro, deu-me um murro", terá dito com os olhos bem abertos e postos no futebolista português, ao mesmo tempo que Fernando Couto tentava acalmá-lo..No final do jogo, Ángel Sánchez pediu mesmo para um médico da FIFA certificar que tinha um hematoma, que foi devidamente descrito no relatório da partida. Mais tarde, em declarações à Antena 1, o argentino esclareceu o episódio inédito na história dos Mundiais: "João Pinto deu-me um soco no estômago, do lado esquerdo, por baixo das costelas." Já em declarações à Rádio Renascença foi ainda mais longe: "Até o próprio João Pinto reconheceu que errou quando me foi pedir desculpa ao balneário no final do jogo.".Já em Lisboa, João Pinto resguardou-se no silêncio, tendo marcado presença numa conferência de imprensa onde José Eduardo Bettencourt, o então presidente do Sporting - clube que representava na altura -, leu um comunicado onde agradecia o apoio do clube, da Federação, bem como da família e dos amigos..A mão pesada da disciplina da FIFA não demorou muito, tendo decretado a suspensão do avançado por seis meses, dos quais dois com pena suspensa, dando assim como provado o soco. O certo é que o castigo foi cumprido e o jogador nunca mais representou a equipa das quinas..Foi só quase dois anos depois dos tristes acontecimentos de Seul que João Pinto falou finalmente sobre o caso. " Vi as imagens, mas não digo se foi agressão ou não. Obviamente que me arrependi daquele ato", disse. Sempre que falou sobre o assunto, Ángel Sánchez desvalorizou-o, dizendo que "é futebol" e garantindo que não guarda rancor pelo que se passou..Esta quinta-feira, Portugal e Coreia reencontram-se. As circunstâncias são diferentes, mas João Pinto vai voltar a marcar presença no banco de Portugal, na qualidade de dirigente da Federação Portuguesa de Futebol, mas curiosamente o árbitro Facundo Tello também é... argentino..carlos.nogueira@dn.pt

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