O amor a Portugal e a vontade de querer retratá-lo através do olhar da fotografia foi o motivo principal para fazer a exposição Portugal Global: O olhar da fotografia, conta José Ribeiro e Castro. O critério era claro: selecionar apenas fotografias que pudessem retratar o país. Sejam no interior, no norte ou no sul, não importa desde que o mostre pelo olhar dos fotógrafos e onde se reflita "o gosto por Portugal". Apesar de só abrir portas ao público agora, no Palácio da Independência, em Lisboa, a ideia original surgiu há praticamente um ano - quando a Sociedade Histórica da Independência de Portugal (SHIP) fez 160 anos, altura em que passou a estar presente nas redes sociais. E, por isso, era preciso uma linguagem específica para o digital. Foi aí que se decidiu recorrer à fotografia. "Publicando as imagens nas redes sociais, tivemos fotografias com muitos likes e acabámos por querer expô-las também aqui", explica..Assim que se chega ao Palácio da Independência (no Largo de São Bernardo), entrando na primeira sala à esquerda, veem-se os nomes dos fotógrafos ali expostos, escritos na parede, ao lado de uma fotografia de Lisboa. No total, são 28 autores que têm trabalhos no local. Nem todos profissionais, como é o caso de Fernando Matos, médico de profissão e fotógrafo nos tempos livres, mas "com muita experiência e com fotografias de grande impacto", considera Ribeiro e Castro. "A escolha [dos fotógrafos] foi feita por conhecimento pessoal e por convite e assim se tem alargado. Nós queremos que esses vários olhares possam enriquecer esta exposição permanente, como lhe chamamos", justifica o presidente da SHIP..Nos espaços por onde está espalhada a exposição, as fotografias decoram as paredes. Ao todo são 30 imagens expostas. Ora paisagens, como acontece com Um Fio de Luz, de António Homem Cardoso, ora estruturas, como em Neblinas no Tejo, de Juvenália de Oliveira, que retrata uma manhã de nevoeiro em Lisboa, sobre o rio, com a ponte 25 de Abril como pano de fundo.."Desde há um ano que publicamos, diariamente, uma fotografia no Facebook, no Instagram e na página da SHIP. A nossa ideia era que, no fim deste tempo, se fizesse a exposição física com todas as fotografias escolhidas", detalha Ribeiro e Castro. E há também espaço à projeção de vídeo, mostrando todas as imagens em exibição. Contudo, acrescenta, o total de fotografias utilizadas (entre redes sociais e exposição) ascende para perto das 400.."No conjunto, desde o início, participaram 36 fotógrafos. Neste momento, há aqui expostas fotografias de 28", assinala Ribeiro e Castro, mas há a possibilidade de este número vir a aumentar. As imagens que entretanto forem enviadas farão parte da próxima exposição, que vai acontecer em 2023. No meio das 30 que se encontram agora no Palácio da Independência, há fotografias tiradas "nos dois primeiros meses" do ano e selecionadas pela curadora Ana Begonha (do "projeto de curadoria" Egeu), mas também algumas menos atuais, com uma das imagens a remontar a 2009..Em todo o espaço da exposição, num total de três salas, as fotografias - a cores ou a preto e branco, mais ou menos abstratas - adornam as paredes do edifício. .A ideia original, salienta José Ribeiro e Castro, era inaugurar a exposição na data de aniversário da Sociedade Histórica da Independência de Portugal, a 24 de maio, mas tal não foi possível. Apesar do atraso, as expectativas do presidente da SHIP estão em altas, considerando "as fotografias de alta qualidade" expostas no espaço, o que demonstra que "também os fotógrafos amadores conseguem captar a essência"..Aquando da visita feita com o presidente da SHIP, as fotografias ainda não estavam expostas na totalidade. No entanto, era percetível o retrato do país nas diferentes dimensões, como tinha explicado. Eusébio, de Fernando Matos, por exemplo, retrata um mural de homenagem ao antigo futebolista do Benfica e da seleção nacional, numa zona residencial. E até os monumentos não são esquecidos. "Nós, enquanto país, temos um património monumental riquíssimo e isso acaba por estar retratado aqui também", afirma Ribeiro e Castro. É o caso de uma fotografia de António Pereira Ramos chamada Palácio de Estoi (no Algarve) que perspetiva uma estátua a olhar no horizonte..Em Portugal Global: O olhar da fotografia há também fotografias captadas por jornalistas, como o caso de Rui Caria, da SIC, que tem uma imagem na exposição e a quem Ribeiro e Castro endereça uma palavra "de apreço" por ter estado recentemente em cenários de guerra na Ucrânia..As visitas à exposição podem ser feitas durante a semana, até 29 de julho, de manhã das 9h00 às 13h00 e à tarde, das 14h00 às 19h00. A entrada é livre.