Os desníveis de treino e prontidão entre militares de diferentes países nas missões da ONU são "uma vulnerabilidade" operacional, como se vê na República Centro-Africana (RCA), afirmou o principal chefe militar português em Nova Iorque..As posições do almirante Silva Ribeiro foram expressas esta quinta-feira nos EUA (já noite em Lisboa), durante a terceira edição da conferência de chefes do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA) de dezenas de países membros das Nações Unidas, disse esta sexta-feira ao DN o seu porta-voz..Segundo o comandante Santos Serafim, o CEMGFA alertou que "muitos países não conseguem atingir" os padrões de treino e prontidão operacional definidos pela ONU - daí resultando um "empenhamento mais intenso e desgastante" das forças "devidamente preparadas e que demonstram a sua eficácia operacional", como tem sido o caso dos contingentes portugueses na RCA..Os contingentes militares portugueses atuam na RCA como força de reação rápida do comandante operacional da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (MINUSCA), com autoridade para intervir em todo o país.."Portugal pode apoiar, com essa experiência" acumulada e de resultados "amplamente reconhecidos" pelos parcerios e responsáveis estrangeiros, "o treino" de outros contingentes "antes da sua projeção para o terreno", a fim de atingirem os padrões operacionais definidos pela própria ONU, disse o CEMGFA..A par do desempenho operacional das forças portuguesas da ONU na RCA, os resultados e o reconhecimento obtidos pela missão de treino da UE que Portugal liderou na RCA no último ano e meio também terão ajudado o almirante Silva Ribeiro a fundamentar as suas posições para melhoria do treino e desempenho das forças de "capacetes azuis", admitiu Santos Serafim..Mulheres e geração de capacidades.O emprego de contingentes multinacionais nas missões da ONU, como forma de tornar mais eficiente a geração de capacidades nos teatros de operações, foi outro dos tópicos abordados pelo CEMGFA..Segundo o seu porta-voz, o almirante evocou os exercícios anuais - denominados Felino - que as Forças Armadas dos países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) como exemplo de aproveitamento e rentabilização das "capacidades, experiências e especialização" de cada participante."."Esta abordagem permite enfrentar os desafios crescentes" nas missões da ONU, "reforçando a confiança e o apoio mútuo entre os Estados membros", daí resultando um "impacto significativo na coesão" dos contingentes multinacionais, argumentou Silva Ribeiro, citado pelo comandante Santos Serafim..A participação das mulheres nessas missões militares das Nações Unidas foram outro tema da conferência dos CEMGFA da ONU, com Silva Ribeiro a enfatizar que as militares são uma real mais-valia para as missões de paz dos capacetes azuis..Com a ONU a querer aumentar essa presença nos seus contingentes, o CEMGFA observou que as mulheres reforçam a capacidade das forças para compreenderem "cultural e socialmente o ambiente" dos países onde atuam. O comandante Santos Serafim adiantou ao DN que Silva Ribeiro exemplificou essas posições também com o desempenho das Forças Armadas na RCA..As mulheres têm estado a atuar nas áreas do apoio de serviços e de combate mas, também e em particular no contingente agora destacado na RCA, acompanhando as unidades de combate dos Comandos como apontadoras de metralhadora e chefes de viaturas blindadas durante as operações no terreno, sublinhou o CEMGFA.