Portugal com o número mais baixo de infeções dos últimos 55 dias
Portugal registou 2194 novos casos e 90 mortes por covid-19 nas últimas 24 horas de acordo com os dados do relatório de situação da Direção-Geral da Saúde (DGS) desta segunda-feira (14 de dezembro).
Trata-se de uma diminuição significativa de novos casos, uma vez que este domingo tinham sido reportados 4044 novas infeções. Aliás, desde o dia 20 de outubro que Portugal não tinha um número tão baixo de casos.
Já o número de óbitos continua bastante alto, embora se tenham registado menos oito que no dia anterior.
Desde o início da pandemia, foram contabilizados 350 938 casos em Portugal e 5649 mortes por covid-19.
No boletim há ainda o registo de mais 97 pessoas internadas (são agora 3254) e mantendo-se o mesmo número de doentes nos cuidados intensivos (513).
Há ainda mais 2955 recuperados (são já 274 277 desde o início da pandemia). Em todo o país há assim 71 012 casos ativos (menos 851 do que na véspera) e as autoridades mantêm 76 723 contactos em vigilância (mais 2711).
No que diz respeito à distribuição de casos pelas diversas regiões, destaca-se o facto de Porto e Lisboa e Vale do Tejo terem baixado das mil novas infeções em 24 horas.
O Porto contabiliza 936 novos casos e 29 mortes, enquanto a região de Lisboa teve 777 novas infeções, atingindo os 32 óbitos.
Já o centro do País contabilizou 255 casos e 24 mortos, o Alentejo somou mais 101 infetados e três óbitos e o Algarve registou 39 casos e duas mortes.
Nas regiões autónomas não se registaram óbitos, com os Açores a contabilizarem 62 novos casos e a Madeira com 24 infeções nas últimas 24 horas.
O relatório de situação desta segunda-feira aponta ainda para o facto de existirem 25 concelhos com a taxa de incidência cumulativa mais grave, ou seja com mais de 960 casos a 14 dias.
São eles, Armamar, Barcelos, Chaves, Crato, Espinho, Esposende, Fafe, Felgueiras, Gavião, Guimarães, Lousada, Marvão, Mondim de Basto, Mourão, Nisa, Pinhel, Póvoa de Lanhoso, Póvoa de Varzim, Trofa, Valpaços, Vieira do Minho, Vila do Conde, Vila Nova de Famalicão, Vila Pouca de Aguiar, Vimioso
António Lacerda Sales, secretário de estado da Saúde, garantiu esta segunda-feira, em Leiria, que o elevado número de internamentos e de óbitos registados em Portugal "estão dentro do que era esperado".
"Tivemos na última semana uma curva decrescente, embora com uma incidência alta e um número de mortos elevado, mas era aquilo que esperávamos em função do pico registado no dia 20 de novembro. Esperávamos que, passadas entre duas e as cinco semanas, houvesse um aumento de pressão dos internamentos e um pico da mortalidade, portanto está dentro do previsto", assegurou, não escusando-se a revelar se o Conselho de Ministros, marcado para sexta-feira, pode agravar as restrições tendo em conta estes dados.
"O Governo tem tomado as medidas certas no tempo certo. Se houver necessidade de agravamento, obviamente, não hesitará, mas procurará equilibrar o controlo da pandemia e o bem-estar psicológico dos portugueses", assumiu, acrescentando que "o próximo Conselho de Ministros terá em atenção todo o enquadramento e tomará as medidas mais adequadas, tendo em conta o nível de óbitos, internamentos, mas também o nível da pressão sobre os serviços de saúde".
Assim sendo, a implementação de medidas mais restritivas é "um cenário espectável", mas "dependerá muito do comportamento de cada cidadão". E, nesse sentido, apelou para que no Natal "não se cruzem bolhas, as pessoas estejam em espaços arejados e promovam a proteção dos mais vulneráveis". "O comportamento individual de cada um de nós vai ser decisivo no sucesso coletivo. Não vamos ter um natal igual aos outros, mas os portugueses vão compreender que vamos ter de nos resguardar para termos outros natais e passagens de ano com as nossas famílias", disse António Lacerda Sales.
Entretanto, a farmacêutica suíça Novartis admitiu esta segunda-feira que os seus ensaios no tratamento de doentes graves com covid-19 com o seu medicamento ruxolitinib não obtiveram bons resultados, embora tenha adiantado que vai continuar a investigação.
Segundo os dados do primeiro estudo na terceira e última fase dos ensaios clínicos, o fármaco foi incapaz de produzir uma redução significativa do número de mortes, internamentos em unidades de cuidados intensivos ou assistência com ventilação mecânica nestes doentes, em comparação com aqueles que foram submetidos a tratamentos padrão.
Paralelamente, a multinacional sediada em Basileia revelou também que não se observou qualquer melhoria digna de registo ao nível do tempo de recuperação da doença.
"Embora o estudo não tenha fornecido os resultados que esperávamos, continuaremos a colaborar com o mundo médico para os analisar, a fim de melhor compreender a covid-19", afirmou o médico-chefe da Novartis, John Tsai.
O ruxolitinib, comercializado sob os nomes Jakafi (nos Estados Unidos da América) e Jakavi (nos outros mercados), foi previamente prescrito em doentes com certos tipos de doenças sanguíneas e estava a ser testado em resposta à covid-19 através do programa de investigação Ruxcovid.
A Novartis tinha adquirido os direitos de comercialização do ruxolitinib fora dos Estados Unidos ao laboratório norte-americano Incyte em 2009.
Outra empresa farmacêutica, a alemã CureVac anunciou o início da última fase de testes clínicos da vacina contra a covid-19. "CureVac inicia a fase global 2b/3 de seus estudos clínicos necessários para a autorização da sua candidata a vacina", anunciou o laboratório com sede em Tübingen, em comunicado.
"O primeiro voluntário já foi recrutado", destacou o grupo farmacêutico, que utiliza, como as concorrentes BioNTech e Moderna, a tecnologia do RNA mensageiro para a sua vacina.
O estudo acontecerá na Europa e América do Sul com mais de 35 mil participantes, afirmou a empresa.
A segunda fase de testes clínicos começou no fim de setembro, com um estudo realizado no Peru e no Panamá com 690 voluntários. Os resultados dos testes de fase 2 devem ser publicados até o fim do ano, segundo a CureVac.
A CureVac está atrasada em relação à concorrente alemã BioNTech, aliada do grupo americano Pfizer, cuja vacina já foi autorizada no Canadá, Estados Unidos e Reino Unido.
A farmacêutica entrou este ano para índice Nasdaq da Bolsa norte-americana e arrecadou 150 milhões de dólares [cerca de 123 milhões de euros] para financiar a vacina.
A Comissão Europeia reservou 225 milhões de doses desta vacina e pode encomendar outras 180 milhões "quando o laboratório demonstrar que a vacina é segura e eficaz".