Porta-voz do Pentágono diz que comportamento de Putin é "depravado"
O porta-voz do Pentágono, equivalente ao Ministério da Defesa nos países europeus, acusou sexta-feira o presidente da Rússia de "depravação" e "brutalidade" pela maneira como as tropas russas estão a comportar-se na Ucrânia.
Questionado durante uma conferência de imprensa sobre o comportamento do líder russo, John Kirby teve de interromper a frase para segurar as lágrimas e afirmou que "é difícil olhar para algumas das imagens e imaginar um líder sério a fazer isso", referindo-se às atrocidades de que as tropas russas têm sido acusadas de cometer na invasão à Ucrânia.
"É difícil olhar para o que ele está a fazer, para o que as suas tropas estão a fazer, e pensar que qualquer indivíduo ético, moral, pode justificar isso; é difícil olhar para as imagens... e imaginar que qualquer líder pensante, sério, maturo, faria isso", acrescentou John Kirby, concluindo: "Não posso falar sobre o seu estado psicológico, mas penso que todos percebemos a sua depravação".
Chamando "lixo" aos argumentos "bizarros" do líder do Kremlin, segundo os quais a guerra está a ser travada para proteger a minoria russa na Ucrânia do nazismo ucraniano, o porta-voz do Kremlin argumentou que é "difícil conciliar essa retórica com o que ele está a fazer na Ucrânia a pessoas inocentes alvejadas na nuca, com as mãos atadas atrás das costas, a mulheres, mulheres grávidas mortas, hospitais bombardeados".
"É simplesmente inconcebível", concluiu Kirby, que se tornou uma das principais figuras do Governo dos EUA desde que a invasão começou com conferências de imprensa diárias, e que faz parte de uma lista de personalidades dos EUA sancionadas por Moscovo.
John Kirby fez saber que os Estados Unidos iniciaram na Alemanha a formação militar às forças ucranianas, para que estas aprendam a manusear o equipamento de combate que Washington está a enviar para Kiev.
Os militares ucranianos estão a receber formação sobre o uso de veículos blindados e sistemas de radar que os norte-americanos anunciaram recentemente que estão a transportar para a Ucrânia, detalhou.
A mesma fonte especificou que os soldados ucranianos estão a aprender a usar as armas Howitzer, que são fornecidas pelo governo dos EUA ao abrigo dos pacotes de assistência militar.
"Este novo esforço de treino na Alemanha e em outros locais da Europa é um apoio direto aos recentes pacotes de assistência à segurança dos EUA, projetados para ajudar a Ucrânia a vencer as suas batalhas hoje e a fortalecer a força para o futuro", realçou Kirby.
O porta-voz do Pentágono sublinhou que os norte-americanos estão atualmente a dar formação às forças ucranianas em "três locais" na Europa, fora do território ucraniano, sendo um deles a Alemanha.
"Esses lugares podem mudar com o tempo. Podemos mudar para outros diferentes ou adicionar mais alguns. Não sabemos", adiantou.
John Kirby lembrou que a formação militar às forças ucranianas não é novo e que, de facto, os EUA têm promovido treino a estas tropas há oito anos.
O presidente dos EUA, Joe Biden pediu na quinta-feira ao Congresso mais 33 mil milhões de dólares (cerca de 31 mil milhões de euros) para ajudar a Ucrânia a resistir à invasão russa.
Na proposta apresentada - que a Casa Branca quer que sirva para apoiar as necessidades da Ucrânia durante cinco meses -- inclui mais de 20 mil milhões de dólares (cerca de 19 mil milhões de euros) em assistência militar a Kiev e para reforço da Defesa dos países vizinhos.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou cerca de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, das quais mais de 5,4 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.