Porque é que Putin e outros líderes russos mexem pouco o braço direito?

A resposta foi dada por um estudo científico da autoria de uma equipa de neurologistas de Portugal, Itália e Holanda e publicado esta semana no British Medical Journal (BMJ).
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Basta olhar com atenção para vídeos do presidente russo para notar que Vladimir Putin anda de uma forma curiosa - o seu braço direito balança muito menos do que o esquerdo, algo que poderá ter adquirido durante o seu treino de armas no KGB. A conclusão é de um estudo publicado na segunda-feira no British Medical Journal e da autoria de uma equipa de neurologistas de Portugal, Itália e Holanda.

Movimentos assimétricos como os de Putin - o braço esquerdo balança de forma normal, ao contrário do direito - normalmente são sinal da doença de Parkinson. Mas estes especialistas não encontraram outros sinais da doença no presidente russo, como tremores, rigidez ou má coordenação de movimentos.

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Pelo contrário, os investigadores concluíram que Vladimir Putin tem "excelentes capacidades motoras" e que a sua escrita é rápida e sem tremores e que o seu gunslinger's gait (o termo em inglês para esta diferença de balançar dos braços devido ao treino de armas) pode ser explicado lendo o manual de treino do KGB.

Este manual indica aos seus operativos para manterem a arma na mão direita junto ao peito e mexerem apenas um dos lados do corpo, normalmente o esquerdo.

Para fundamentar o estudo, a equipa de investigadores analisou os movimentos de outros líderes russos que tiveram treino do KGB ou militar, como dois antigos ministros das Defesa, Anatoly Serdyukov e Sergei Ivanov.

Curioso é o comportamento do primeiro-ministro russo, Dmitry Medvedev, que não tem ligações militares ou ao KGB, mas anda da mesma forma, sem balançar o braço direito. "Provas substanciais sugerem que Medvedev é treinado para soar, parecer e andar como o presidente", explicou à AFP Bastiaan Bloem, um neurologista do Centro Médico Universitário Radboud, na Holanda, e que liderou este estudo.

Resta dizer que a edição de Natal do BMJ aceita estudos mais fora da caixa, embora mantenha os padrões de qualidade científica e revisões pelos pares.

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