Dezoito países da UE, entre os quais Portugal, já receberam mil feridos
A União Europeia já coordenou com sucesso cerca de mil evacuações médicas de feridos da guerra na Ucrânia, transferidos para hospitais de 18 Estados-membros, entre os quais Portugal.
De acordo com a Comissão Europeia, "à medida que o número de feridos na Ucrânia aumenta de dia para dia", não só os hospitais locais se debatem com problemas, como também os países vizinhos, caso da Polónia, Eslováquia e também Moldova, solicitaram apoio para operações de evacuação médica dos seus respetivos países, dada a grande afluência de pessoas.
"Para aliviar a pressão sobre os hospitais locais, desde 11 de março que a União tem vindo a coordenar as transferências de pacientes para outros países europeus com capacidade hospitalar disponível", indica a Comissão, que aponta que, à data de hoje, "a UE coordenou com sucesso 1000 evacuações médicas de pacientes ucranianos através do seu Mecanismo de Proteção Civil para lhes fornecer cuidados de saúde especializados em hospitais de toda a Europa".
Bruxelas precisa que os pacientes foram transferidos para 18 países - Alemanha, França, Irlanda, Itália, Dinamarca, Suécia, Roménia, Luxemburgo, Bélgica, Espanha, Portugal, Países Baixos, Áustria, Noruega, Lituânia, Finlândia, Polónia e República Checa -, sem especificar quantos feridos cada Estado-membro acolheu até ao momento.
Comentando que "a guerra injustificada da Rússia na Ucrânia está a levar os sistemas de saúde ucranianos ao ponto de rutura", o comissário europeu responsável pela Gestão de Crises, Janez Lenarcic, afirmou hoje que "a UE intensificou as suas operações" e agradeceu "a todos os países que estão a acolher os doentes ucranianos neste momento crítico".
Por seu lado, a comissária europeia da Saúde, Stella Kyriakides, comentou que "o Mecanismo de Proteção Civil da UE tem permitido que pacientes com necessidade urgente de tratamento e cuidados de saúde o recebam em hospitais em toda a UE, ao mesmo tempo que alivia a pressão sobre os sistemas de saúde dos países vizinhos da Ucrânia".
"Esta é uma verdadeira solidariedade europeia em ação. Juntamente com as autoridades ucranianas, estamos também a estudar formas de levar os pacientes de volta a casa quando tiverem terminado o seu tratamento, se assim o desejarem", disse.
Portugal já manifestara por diversas vezes desde o início da guerra a sua disponibilidade para receber feridos ucranianos em hospitais das Forças Armadas.
Por outro lado, a Polónia voltou a ser, em junho, o Estado-membro da União Europeia (UE) que acolheu mais refugiados ucranianos que fogem da invasão russa (60 125), mas o número de proteções temporárias concedidas continua a recuar, revela esta sexta-feira o Eurostat.
De acordo com os dados do gabinete oficial de estatísticas da UE, referentes a junho passado, e entre os Estados-membros para os quais há dados disponíveis, a Polónia concedeu o estatuto de proteção temporária a mais 60 125 ucranianos que deixaram o país em consequência da invasão russa lançada em fevereiro, sendo seguida pela Roménia (10 360), Irlanda (6985) e Bulgária (6920).
O Eurostat nota que, em comparação com o mês anterior, o número de ucranianos a receber proteção temporária diminuiu em todos os 19 Estados-membros da UE com dados disponíveis, tendo o principal recuo sido verificado precisamente na Polónia, com menos 35 960 pessoas, já que, em maio, Varsóvia havia acolhido 96 085 refugiados ucranianos.
O gabinete oficial de estatísticas da UE ressalva que, "embora a esmagadora maioria das pessoas que receberam proteção temporária tenham sido ucranianos, houve também cidadãos de outros países que receberam esse estatuto nos Estados-membros da UE", dando como exemplos "405 russos na Polónia, e 2400 nigerianos e 410 marroquinos em Portugal".
Em junho, e ainda segundo os dados do Eurostat, Portugal concedeu proteção temporária a 1.930 cidadãos ucranianos.
Os dados hoje apresentados referem-se a outorgas de proteção temporária na sequência de uma decisão do Conselho da UE, em 4 de março, para dar resposta a uma enorme vaga de refugiados fugidos da invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro.
A ofensiva militar lançada pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de quase 17 milhões de pessoas de suas casas - mais de seis milhões de deslocados internos e mais de dez milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A ONU confirmou que 5327 civis morreram e 7257 ficaram feridos na guerra, sublinhando que os números reais deverão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.