A polícia dispersou hoje milhares de manifestantes, saídos da principal mesquita da capital, que exigiam a execução de um 'blogger', condenado a dois anos de prisão por publicar um artigo considerado insultuoso contra o profeta Maomé..Os manifestantes, constatou a agência Efe, concentraram-se depois da oração do meio-dia na entrada da mesquita Al Yamaa al Kabir, no centro de Nouakchott..Pouco tempo depois, a polícia antimotim atuou com bastões e granadas de gás lacrimogéneo para desalojar os manifestantes..Este protesto, que tinha o objetivo de evoluir para manifestação dirigida ao Palácio Presidencial, foi convocado para recusar a sentença do Tribunal de Apelação de Nuadibú, a 470 quilómetros a norte de Nouakchott, que comutou na quinta-feira a pena de morte que pesava, desde finais de 2014, contra o polémico 'blogger' Sheik Ould Mohamed Ould Mkheitir, para dois anos de prisão..Outras manifestações tinham partido de diferentes mesquitas de Nouakchott, mas nenhuma pode continuar, perante a grande mobilização de efetivos policiais, que tomaram o controlo das principais vias da capital. A polícia deteve um número indeterminado de manifestantes. Em algumas ruas da capital foram incendiados pneus, o que levou os habitantes e comerciantes a encerrarem portas, com medo de distúrbios..Já à noite, a Procuradoria-Geral decidiu recorrer da sentença de dois anos..O 'blogger', com cerca de 30 anos, já cumpriu quatro anos, em prisão preventiva, mas continua detido..A Human Rights Watch apelou esta semana às autoridades mauritanas para que "abandonem todas as acusações dirigidas contra Mjaitir em violação da liberdade de expressão"..Segundo a diretora da divisão Médio Oriente e Norte de África da organização, Sarah Leah Wihston, "a Mauritânia não deve acusar uma pessoa de apostasia, muito menos um 'blogger' à morte, por uma acusação absurda, baseada num artigo que escreveu"..Em primeira instância, Mkheitir foi declarado culpado de apostasia e condenado à morte a 24 de dezembro de 2014 pelo Tribunal Penal de Nouadhibou..Em 21 de abril de 2016, o Tribunal de Apelação de Nouadhibou confirmou a pena morte, mas o Supremo Tribunal ordenou, em janeiro deste ano, a realização de um novo julgamento no Tribunal de Apelação, mas com a acusação de descrença, que é considerada mais leve..A pena de morte não é aplicada na Mauritânia desde 1987. Este foi o primeiro caso de condenação à morte para apostasia no país.