Polícia detém condutor de viatura em que seguia mulher baleada por engano

Assaltantes ainda não foram identificados. Mulher terá morrido por engano das autoridades, que confundiram viaturas
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O condutor da viatura em que seguia a mulher baleada mortalmente hoje numa perseguição policial na Segunda Circular, em Lisboa, foi detido, depois de não ter respeitado uma ordem de paragem da PSP, disse à Lusa fonte policial. Os assaltantes do multibanco que as autoridades perseguiam continuam por identificar.

Um comunicado esclarece entretanto que o homem foi detido no momento em que a viatura foi intercetada, na operação que resultou na morte de uma mulher, por condução sem habilitação legal, por desobediência ao sinal de paragem e por condução perigosa.

O homem detido deverá ser ouvido pela Polícia Judiciária, que tomou conta da ocorrência, que teve início em Almada, com o assalto de um multibanco alegadamente por dois indivíduos e terminou na segunda circular, em Lisboa, com a morte de uma mulher que nada teria a ver com a situação.

Dois homens assaltaram a caixa multibanco situada na Avenida Bento Gonçalves, em Almada, cerca das 3:00 de hoje. As autoridades iniciaram uma perseguição, que atravessou a ponte 25 de Abril, chegou à Rotunda do Relógio, junto ao aeroporto de Lisboa, e prosseguiu na Segunda Circular, onde se registou uma troca de tiros entre os assaltantes e a polícia.

Segundo disse ao DN fonte policial, durante a fuga, num Seat, os dois suspeitos lançaram pó do extintor para a faixa de rodagem e depois os próprios extintores, impedindo a visibilidade aos perseguidores e conseguindo escapar. Em condições ainda por apurar, a PSP terá depois mandado parar um outro veículo, alegadamente com as mesmas características que a viatura dos assaltantes, mas um Renault Megane. O condutor terá ignorado a ordem de paragem e terá sido neste momento que os agentes dispararam, atingindo mortalmente a mulher.

Fonte ligada à investigação confirmou à Lusa que, até ao momento, "não há nenhum elemento que ligue direta ou indiretamente" a vítima mortal, que estava sentada no lugar do pendura, aos alegados assaltantes, que ainda não foram identificados e estão em fuga.

Num comunicado, a PSP explica que a viatura em que seguia a mulher desobedeceu às ordens de paragem, quase atropelando os agentes e obrigando-os a recorrer às armas.

"Esta viatura, durante a fuga, tentou atropelar os polícias, que tiveram de afastar-se rapidamente para não serem atingidos e, em ato contínuo, os polícias foram obrigados a recorrer a armas de fogo", diz a nota de imprensa do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP. "Mais à frente, a viatura voltou a desobedecer à ordem de paragem por outra equipa de polícias, tendo sido intercetada pouco tempo depois", acrescenta, dizendo que se constatou então que "na viatura seguiam um homem e uma mulher, encontrando-se a mulher ferida por impacto de projétil de arma de fogo".

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Fonte do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) informou o óbito foi declarado no local, próximo das bombas de combustível da Encarnação.

A Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) instaurou um inquérito e já está no terreno a investigar as condições em que ocorreu este caso, apurou o DN.

No seu relatório de 2016 este organismo, dirigido pela desembargadora Margarida Blasco, manifestava "preocupação" com o aumento de mortes em perseguições policiais. No ano passado foram quatro, o número mais elevado dos últimos seis anos.

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