Polícia de Hong Kong carrega sobre manifestantes no centro da cidade

A polícia de Hong Kong carregou sobre os manifestantes, numa das zonas de acesso ao Conselho Legislativo local, onde devia ter começado esta manhã o debate da polémica lei de extradição.
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A polícia lançou também gás pimenta para obrigar os manifestantes a dispersar. À carga policial, os manifestantes tentaram travar o avanço da polícia com grades, mas a esmagadora maioria colocou as mãos no ar. Outros começaram a distribuir máscaras de proteção contra o gás pimenta.

Este é o culminar de um momento de tensão que nas últimas horas se tem vivido nesta zona central de Hong Kong, onde centenas de milhares de manifestantes estavam concentrados em protesto contra a proposta de lei, cujo debate no Conselho Legislativo (LegCo, parlamento local) devia ter começado esta manhã.

Milhares de manifestantes nas ruas

O Governo de Hong Kong já tinha advertido que os milhares de manifestantes que estão a bloquear o centro da cidade, em protestos contra o lei de extradição, devem "dispersar e respeitar a lei". "Apelo aos cidadãos que se reuniram para exercerem a maior contenção possível, para que dispersem pacificamente e não desafiem a lei", declarou o secretário para a Administração, Matthew Cheung, "número dois" do Governo liderado por Carrie Lam .

Um par de horas depois de ter sido anunciado o adiamento do debate das alterações à lei da extradição que motivaram a mobilização, milhares de manifestantes continuavam concentrados junto às instalações do Governo. Alguns dos manifestantes que falaram com a Lusa, muitos deles estudantes, disseram estar dispostos a permanecer no local até que o Governo recue na intenção de avançar com as alterações à lei.

Prós e contras da lei da extradição

Proposto em fevereiro e com uma votação final prevista para antes do final de julho, o texto permitiria que a chefe do Executivo e os tribunais de Hong Kong processassem pedidos de extradição de jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental. Em teoria, os tribunais locais analisariam os casos individualmente e poderiam usar o poder de veto para impedir certas extradições no território semi-autónomo da China e antiga colónia britânica.

Os defensores da lei argumentam que caso se mantenha a impossibilidade de extraditar suspeitos de crimes para países como a China tal poderá transformar Hong Kong num "refúgio para criminosos internacionais".

Os manifestantes dizem temer que Hong Kong fique à mercê do sistema judicial chinês como qualquer outra cidade da China continental e de uma justiça politizada que não garanta a salvaguarda dos direitos humanos.

A transferência de Hong Kong e Macau para a República Popular da China, em 1997 e 1999, respetivamente, decorreu sob o princípio 'um país, dois sistemas', precisamente o que os opositores às alterações da lei garantem estar agora em causa. Para as duas regiões administrativas especiais da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, sendo o Governo central chinês responsável pelas relações externas e defesa.

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