Podemos apela à unidade e acusa PSOE de o atacar

Partido de Pablo Iglesias nega qualquer divisão interna entre o líder e o número dois, Íñigo Errejón
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A braços com a demissão de dez dirigentes regionais na secção de Madrid, o Podemos tenta minimizar o problema e negar que as divisões internas tenham implicações a nível da liderança nacional. Ontem, o número dois do partido, Íñigo Errejón, que os media dizem estar numa luta pelo poder com o secretário-geral, Pablo Iglesias, lançou um apelo à unidade, lembrando aos militantes que "Podemos só há um". Errejón culpou o aparelho do PSOE de estar por detrás desta ofensiva , com o objetivo de desviar as atenções da sua aproximação ao Partido Popular (PP) graças à intervenção do Ciudadanos. Pedro Sánchez nega-o.

"Ouvi Errejón culpar-nos a nós, inexplicavelmente. O que lhe digo é que respeitamos sempre os debates internos que possam ocorrer em todas as organizações. Não vamos entrar em qualquer tipo de desqualificação ou insulto", indicou o secretário-geral dos socialistas, que ontem esteve na Corunha. Sánchez reagia a uma carta enviada pelo número dois do Podemos aos militantes, tendo aproveitado para lembrar que está disposto a "virar a página" e apelando às forças da mudança para que aproveitem a oportunidade e afastem Mariano Rajoy da chefia do governo.

"O ataque que vivemos hoje, que parece ser uma ofensiva em marcha, tem alguns precedentes mas muito poucos, o que revela que todo o aparelho do PSOE está a precisar de algo com o que tapar a sua recente viragem para o PP arrastado por Rivera", lê-se na carta de Errejón. Em causa estão as notícias de uma alegada disputa interna com Iglesias, que se refletiu na demissão de dez dirigentes do Podemos Madrid (todos ligados ao porta-voz do partido no Congresso). Todos saíram em protesto com o líder regional, Luis Alegre, um dos homens fortes do secretário-geral.

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"Devemos repetir uma e outra vez que só há um Podemos, o que considera óbvio que as políticas de cortes e austeridade devem ser coisas do passado, o que nasceu para construir um povo, recuperar a soberania e conquistar Espanha para as suas pessoas", acrescentou Errejón na carta. "Tudo o que está a acontecer em Madrid entristece--me como a todos vocês", refere, considerando contudo que "passar os problemas de Madrid à estatal é obviamente uma arma que querem usar e amplificar para evitar, dessa forma, falar da inclinação do PSOE para a grande coligação pelas mãos de [Albert] Rivera", o líder do Ciudadanos, com quem os socialistas pactuaram para a investidura.

Já antes, Errejón e Iglesias tinham trocado mensagens no Twitter para mostrar que não haveria problemas entre ambos. Esta troca epistolar eletrónica incluiu a citação "amar não é olhar um para o outro, é olhar juntos na mesma direção", enviada pelo número dois do Podemos ao seu líder. Isto em resposta à mensagem do eurodeputado Pablo Echenique, que escreveu que ambos não se iam livrar "do beijo" - numa referência ao beijo na boca entre Iglesias e Xavier Domènech, líder do En Comú Podem, durante o debate de investidura de Sánchez no Congresso.

Quanto às negociações para a formação de governo, ainda não há desenvolvimentos. Ontem, Sánchez esteve reunido durante 45 minutos com o presidente da câmara da Corunha, Xulio Ferreiro, com o objetivo de procurar o apoio dos seis deputados dos aliados galegos do Podemos, o En Marea. "Houve um bom feeling entre todos os participantes, mas não se chegou a compromisso", indicaram fontes ao jornal La Voz de Galicia. Em Valladolid, a número dois do governo, Soraya Sáenz de Santamaría, disse que Rajoy é intocável como candidato do PP no caso de ser preciso repetir eleições.

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