Plástico pode estar a afetar os espermatozoides

Equipa de cientistas britânicos realizou os testes tanto em homens como em cães. A exposição dos espermatozoides a substâncias químicas presentes no plástico reduziu a capacidade dos mesmos e fragmentou o seu ADN.
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Quer em homens quer em cães. Um estudo recente da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, mostra como as substâncias químicas no ambiente estão a afetar a qualidade e a quantidade de espermatozoides em ambos. Nomeadamente dois principais produtos químicos comuns, utilizados em ambientes domésticos. São eles o dietilhexilftalato (ou ftalato, derivado do ácido ftálico e utilizado como aditivo para deixar o plástico mais maleável) e o bifenilo policlorado 153 (PCB153), que podem ser encontrados em plásticos e equipamentos elétricos mais antigos. Apesar da relação direta que este estudo expõe entre o nível de espermatozoides e estes químicos, não é o primeiro que alerta para o facto de os espermatozoides dos homens estarem em declínio, de acordo com o The Guardian.

São já vários os relatórios de investigação que mostram como a quantidade caiu para metade nos últimos 50 anos ou mais, aponta o jornal britânico. Mas a causa exata deste declínio nunca foi avançada. Ao longo dos anos, alguns cientistas têm vindo a culpar os estilos de vida, cada vez mais sedentários e stressantes, bem como o uso de drogas recreativas e a ingestão de álcool e tabaco. Quanto aos cães, um estudo de 2016 mostrou que o número de bons nadadores diminuiu em 30% em apenas 26 anos.

Mas esta equipa de investigadores da Universidade de Nottingham suspeita mesmo que há também uma quota de responsabilidade por atribuir aos resíduos químicos no meio ambiente circundante.

A investigação envolveu a recolha de amostras de sémen de nove homens e de 11 cães, posteriormente expostos a produtos químicos fabricados, com flalato e PCB153. E, de acordo com os cientistas, os resultados não deixaram espaço para dúvidas: a exposição dos espermatozoides a substâncias químicas reduziu a capacidade dos mesmos e fragmentou o seu ADN.

Apesar da descoberta, o coordenador do estudo acredita que é preciso ter cautela com as conclusões precipitadas. Richard Lea, também ele professor de biologia reprodutiva da Universidade de Nottingham, explicou que o número de amostras é, na verdade, muito reduzido. "É claro que temos de ser cautelosos com base nestes números", disse. "Mas os nossos dados aumentam o peso da evidência de que os produtos químicos no ambiente doméstico degradam o espermatozoide".

O componente químico PCB153 foi excluído do mercado no final dos anos 70, por força dos riscos que se comprovou estarem associados à saúde, como o aumento do risco de cancro, mas também de perturbações hormonais, danos ao fígado e alterações comportamentais ou cognitivas em crianças. Contudo, a substância continua presente no meio ambiente.

E Richard Lea alerta mesmo que "só foram estudados dois produtos químicos, mas vivemos numa imensidão de poluentes".

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