PJ averigua lista com os nomes de 22 mil 'jihadistas'

Autoridades portuguesas ainda não têm na sua posse documento que foi obtido pelos serviços secretos alemães
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A Polícia Judiciária está a "analisar a situação" da lista com os nomes e informações de 22 mil combatentes do Estado Islâmico. Ao contrário da informação que tinha sido avançada anteriormente, as autoridades portuguesas ainda não têm qualquer documento na sua posse, sabe o DN.

Em Portugal, tanto as secretas como os investigadores do contraterrorismo estão à espera de ter acesso à lista, especificamente aos eventuais nomes de portugueses. Contudo, a prática que tem sido executada na partilha de informações desta natureza é que o país ou países que estão na posse dos documentos só os divulgam às autoridades de outros países depois de serem todos analisados e haja a garantia da cidadania de cada um. "Normalmente só partilham os nomes que dizem respeito a esse país e essa separação ainda pode levar algum tempo", disse fonte oficial.

A lista foi obtida pelos serviços secretos alemães, indica o jornal The Guardian, referindo que do documento constam pelo menos 16 britânicos, quatro norte-americanos e seis canadianos, assim como vários combatentes franceses e alemães.

O documento, que se julga ter sido obtido a partir dos registos feitos na fronteira da Síria, inclui as respostas no questionário colocado a cada um dos aspirantes a 'jihadista': há 23 questões, incluindo nomes, data e local de nascimento, número de telefone, habilitações literárias e tipo de sangue.

O ministro do Interior alemão, Thomas de Maizère, confirmou a existência da lista e admitiu que poderá auxiliar a que os 'jihadistas' sejam mais rapidamente identificados e levados à justiça. Segundo o governante, o material contribuirá ainda para compreender a estrutura da organização terrorista.

O Guardian cita um porta-voz da BKA, a polícia federal alemã, confirmando que as autoridades estão na posse dos documentos e que a sua autenticidade foi verificada, sem especificar como foram obtidos.

A existência desta lista começou por ser referida na imprensa da Alemanha, logo na noite de segunda-feira. Um site de informação da oposição síria, o Zaman al-Wasl, chegou mesmo a publicar exemplos dos questionários que são colocados aos militantes, e que chegam a inquirir sobre experiência anterior na 'jihad' e se o combatente está preparado para ser um bombista suicida.

A Sky News revelou entretanto ter obtido cópia da mesma listagem, que terá sido passada numa 'pen' - um dispositivo de armazenamento de dados - roubada dos serviços de segurança interna do Estado Islâmico por um antigo combatente desiludido.

De acordo com o Guardian, os dados incluídos na lista foram recolhidos no final de 2013 e muitos dos nomes dos 'jihadistas' não eram, sequer, conhecidos das autoridades. A lista está escrita em árabe e carimbada com o selo de autenticidade do ISIS.

Citando fonte próxima da investigação portuguesa, o Expresso indica que "é muito provável que haja portugueses na lista" e que dos 22 mil 'jihadistas', cerca de cinco mil são oriundos de países ocidentais.

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