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PJ diz que testemunha-chave recuou após intimidação
Uma testemunha-chave no processo do "gangue de Valbom", respeitante a assaltos a ourives e ao homicídio tentado de um agente da PJ, mudou a sua versão dos factos após ser intimidada por alguém ligado aos arguidos, assegurou hoje uma investigadora.
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Perante o coletivo de juízes da 2.ª Vara Criminal do Porto, a agente da PJ Carla Pinto, uma das envolvidas na investigação das atividades do gangue, disse ter obtido notícia de que a testemunha Rui Teixeira fora advertida para "ter cuidado" com os arguidos.
Ainda segundo a agente, a testemunha, um ajudante de ourives, detetou que tinham desapertado os parafusos das rodas da sua viatura, associando um facto a outro.
O ajudante de ourives terá descrito à PJ, em 03 de setembro de 2008, o arguido Hélder Ribeiro como sendo o condutor de um veículo usado num assalto a um ourives da região centro. Terá confirmado essa informação 15 dias depois num reconhecimento presencial, mas na sessão deste julgamento, de 26 de setembro, disse que só o fez porque foi "condicionado" e "pressionado" pela PJ.
Mesmo quando convidado a olhar todos os arguidos, manteve que não reconhecia qualquer um deles e garantiu que, com este seu depoimento, não estava a agir por receio.
O Ministério Público reagiu, pedindo a convocação do inspetor que dirigiu o reconhecimento, Joaquim Gomes, que testemunhou hoje e negou qualquer tentativa de condicionar a testemunha.
O tribunal decidiu já que este inspetor, a testemunha e o seu advogado da altura participarão numa acareação que, em princípio, ocorrerá na próxima sessão, em 07 de novembro. Na mesma altura, serão lidas as declarações que Rui Teixeira prestou à PJ.
O "gangue de Valbom", que já foi julgado em 2010 por vários crimes, responde agora por outros atos violentos, incluindo assaltos a ourivesarias e a tentativa de homicídio do inspetor da PJ Carlos Castro.
Um encapuzado atingiu Carlos Castro a tiro de "shotgun", em 16 de abril de 2008, quando o inspetor chegava a casa, na viatura pessoal, com os seus dois filhos menores. Ficou ferido no rosto, no pescoço e numa mão, sendo submetido já a diversas cirurgias estéticas.
Além do homicídio tentado do inspetor, o processo agora em julgamento, com um total de 11 arguidos (um 12.º morreu entretanto), reporta-se a diversos episódios violentos ocorridos em 2008, nomeadamente assaltos a ourives.