Piloto que transportava Sala era daltónico e estava proibido de voar à noite

A licença do piloto do avião onde seguia o jogador argentino refere que ele devia ter sempre consigo uns óculos de ver ao perto
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O piloto do avião que transportava Emiliano Sala, o futebolista argentino que morreu a 21 de janeiro no Canal da Mancha depois de assinar pelo Cardiff City, não tinha autorização para voar à noite. David Ibbotson, o piloto responsável pela viagem de Nantes para Inglaterra, era daltónico e apenas podia fazer voos diurnos.

Segundo a BBC, a licença de Ibbotson refere que o piloto devia ter sempre consigo uns óculos de ver ao perto. Uma fonte da aviação explica ao canal que a capacidade para diferenciar entre as luzes verdes e as vermelhas é "a chave" para voar à noite.

As regras das autoridades europeias de aviação definem como período noturno aquele que vai de meia hora depois do anoitecer até meia hora antes do amanhecer. O avião que devia levar Sala de volta a Inglaterra para o seu primeiro treino no Cardiff devia, de facto, ter feito a sua viagem de dia: o plano inicial apontava para a sua partida de Nantes às 9.00 do dia 21 de janeiro. Mas foi o próprio jogador que pediu que o voo fosse adiado para as 19.00, para se poder despedir dos colegas do clube francês. Quando o Piper Malibu registado nos Estados Unidos e comandado por David Ibbotson se fez à pista para levantar em direção a Inglaterra, pouco depois das 19.00 desse dia, já tinha passado cerca de uma hora e dez minutos desde que o pôr-do-sol. O avião desapareceu dos radares às 20.16, quando sobrevoava o Canal da Mancha.

A legalidade do voo onde seguia o jogador já tinha sido questionada, porque as regras europeias proíbem que pilotos privados dirijam aviões registados nos Estados Unidos da América a troco de dinheiro. Um relatório de fevereiro das autoridades que investigam acidentes de aviação concluiu que Ibbotson apenas podia transportar passageiros numa base de partilha de custos. Ou seja, piloto e passageiro tinham de partilhar os mesmos objetivos para fazer a viagem e teria de ser Ibbotson a decidir a hora da descolagem.

O jogador fora anunciado pelo Cardiff City, do País de Gales, como a a contratação mais cara da história do clube, que desembolsou 15 milhões de libras por ele (mais de 17 milhões de euros). No início da noite de 21, aquele que os seus amigos tratavam como Emi, ou Jaja, viajava para a sua nova casa, depois de ter ido mais uma vez a Nantes tratar dos últimos assuntos e despedir-se dos seus colegas de equipa. O sinal do avião perdeu-se pouco depois.

A 24 de janeiro, a polícia britânica deu as buscas por encerradas, considerando que já não havia esperança de encontrar sobreviventes. Mas foi criado um sistema de crowdfunding para financiar a continuação das buscas, que no dia 4 de fevereiro encontraram o corpo do jogador de 28 anos entre os destroços do avião. O piloto continua desaparecido.

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