Pessoa e 25 de Abril em destaque no São Luiz
A temporada fevereiro/julho marca um fim de ciclo para José Luís Ferreira como diretor artístico do Teatro São Luiz. Um ciclo "exaltante", mas marcado por "constrangimentos orçamentais", como realçou. Porém, Miguel Honrado, presidente da EGEAC, salienta que apesar das dificuldades, "o Teatro São Luiz não deixou de ser uma referência na cidade de Lisboa".
Há três anos José Luís Ferreira participou no concurso da EGEAC que o levou até ao São Luiz. "Foram 71 projetos, mil sessões e 150 mil espetadores", incluindo a projeção feita para os próximos seis meses, referiu o diretor artístico.
Um dos momentos altos da temporada acontece em março, quando se recordar os 100 anos de uma das "invenções mais geniais da nossa literatura", salientou o José Luís Ferreira durante a apresentação que decorreu ontem no Teatro São Luiz. A 8 de março de 1914, Fernando Pessoa iniciou "a aventura dos heterónimos".
No exato dia de aniversário, José Neves irá ler O Guardador de Rebanhos, mas de 5 a 16 de março estará em cena Ode Marítima de Álvaro Campos, que contará com a interpretação de Diogo Infante e João Gil, numa coprodução do Teatro São Luiz e do Teatro Nacional São João. "Estou um pouco apavorado. É provavelmente uma das coisas mais difíceis que já fiz", confessou Diogo Infante.
Quando se fala de aniversários, há um que é incontornável recordar: os 40 anos do 25 de Abril. Em março, abril e maio vai decorrer o 25/40 Democracia, que irá contar com vários espetáculos como a peça de teatro A Instalação do Medo, de Rui Zink, ou os concertos (de 10 a 12 de abril) de Sérgio Godinho, entre outros. O músico explicou que irá revisitar o seu reportório, mas que apresentará pelo menos dois temas inéditos. "Haverá convidados da música e talvez do teatro. Está tudo em elaboração", afirmou.
Ainda inserido no tema 25/40 Democracia, regista-se o regresso de Luís Miguel Cintra com o Teatro da Cornucópia ao São Luiz. O encenador e ator traz Íon, uma adaptação da tradução de Frederico Lourenço da obra de Eurípides. Guilherme Gomes, João Grosso, José Manuel Mendes, Luís Lima Barreto, o próprio Luís Miguel Cintra e Luísa Cruz - "a melhor atriz da atualidade", segundo o encenador - são os atores da peça que estará em cena entre 24 de abril e 4 de maio.