Uma carta aberta contra o assédio sexual no mundo das artes foi esta segunda-feira publicada no jornal The Guardian, assinada por artistas, realizadoras e curadoras de vários países, entre eles portuguesas como Filipa César e Luiza Teixeira de Freitas..Os mais de 300 artistas, curadores, editores, escritores, professores, historiadores de arte, diretores de galerias e museus sobretudo da Europa e Américas, declaram que irão denunciar "aqueles que continuam a explorar, silenciar e demitir" usando os seus cargos de poder no mundo das artes.."Onde vemos o abuso de poder vamos falar e exigir às instituições e pessoas responsáveis que levem a sério as nossas preocupações, trazendo à luz do dia estes incidentes que são vistos habitualmente com ligeireza", sustentam..As signatárias acrescentam que não vão continuar a ignorar "comentários condescendentes, mãos a tocar nos seus corpos, ameaças e intimidações veladas, nem o silêncio de colegas ambiciosos"..A missiva aberta apela ainda às instituições, direções e pares no mundo das artes para refletir sobre a sua responsabilidade nos vários atos de abuso ou desigualdade sexual no mundo do trabalho e que devem tomar medidas apropriadas no futuro.."Agora somos demasiados para ser silenciados ou ignorados", finalizam..A artista e realizadora Filipa César, que trabalha habitualmente em Berlim, a curadora Luiza Teixeira de Freitas, a artista Sónia Almeida, a crítica de arte e curadora Filipa Ramos, são alguns dos nomes portugueses que surgem na lista..Da mesma forma, assinam a carta aberta a artista visual Diana Policarpo, que reside e trabalha entre Londres e Lisboa, a escritora Vanessa Rato, e a artista e bailarina Gabriela Gonçalves..Também a ainda diretora do Museu de Arte Contemporânea da Fundação de Serralves, Susanne Cotter, assina a lista, a par da artista norte-americana Laurie Anderson, Paula Naughton, diretora da Simon Preston Gallery, em Nova Iorque, ou Lucie Touya, diretora artística de la Colonie, em Paris..Nas últimas semanas, várias foram as denúncias surgidas a público sobre profissionais do mundo das artes - como Harvey Weinstein e James Toback, no cinema, ou o editor Knight Landesman - por terem cometido assédio e agressões sexuais ao longo de décadas.