Penelopegate: Fillon sob pressão para desistir de candidatura

Novas revelações fragilizam ainda mais o candidato da direita às presidenciais francesas.
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A pressão para que François Fillon desista da candidatura às presidenciais francesas está a aumentar, mesmo dentro do campo conservador, face a novas revelações sobre o escândalo que envolve a contratação da sua mulher Penelope para um emprego supostamente fictício.

O escândalo, conhecido como Penelopegate, rebentou na semana passada, depois do semanário Le Canard Enchaîné revelar que a mulher do ex-primeiro-ministro recebeu meio milhão de euros por trabalhar como assessora parlamentar do marido, quando este era deputado. Em França é legal os familiares dos deputados serem contratados por eles, desde que o trabalho não seja fictício.

Numa entrevista ao jornal britânico Sunday Telegraph em maio de 2007, Penelope Fillon (que nasceu no País de Gales) disse que nunca tinha sido assistente do marido. A entrevista foi filmada e será transmitida hoje à noite pela France 2. Fillon, defendendo-se das acusações, informou que entre as funções da mulher estava, por exemplo, a revisão dos seus discursos ou a receção de pessoas que ele não tinha tempo para receber.

"Acho que o nosso candidato deve parar", disse o senador conaservador Alain Houpert, próximo do antigo rival de Fillon nas primárias do centro e direita, Nicolas Sarkozy.

Fillon teve uma reunião de emergência com vários membros do partido na quarta-feira, na qual lhes pediu que o apoiassem nas próximas duas semanas - o tempo que, segundo ele, pode levar a terminar a investigação preliminar.

Mas alguns membros d'Os Republicanos não parecem dispostos a aguardar tanto tempo, depois de uma sondagem mostrar que Fillon, até agora apresentado como o favorito à vitória, pode não conseguir passar à segunda volta - perdendo para Marine Le Pen (extrema-direita) e Emmanuel Macron (En Marche!). Outra sondagem, publicada já hoje, revela que 69% dos franceses querem que desista da candidatura.

"Precisamos de mudar de estratégia, de tática", disse o deputado Georges Fennech à rádio RTL, indicando que tal precisa de acontecer "sem demora".

Mas Fillon não parece desistir, mantendo o calendário interno da campanha. Hoje estará na região das Ardenas. Mas anulou uma viagem prevista para o fim de semana ao Líbano e ao Iraque.

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