Penelopegate: buscas decorrem na Assembleia Nacional francesa
As autoridades francesas estão a efetuar buscas na Assembleia Nacional francesa no âmbito do inquérito à contratação de Penelope Fillon como assessora parlamentar do marido, François Fillon.
A mulher do candidato da direita às presidenciais francesas recebeu 500 mil euros ao longo de oito anos, mas alegadamente nunca terá trabalhado. O caso já ficou conhecido como Penelopegate.
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A busca decorreu no gabinete de Fillon, deputado por Paris, e também num anexo da Assembleia, onde se situam os serviços administrativos, segundo a agência Reuters.
"Congratulamo-nos com a rápida evolução do inquérito. Desta forma estará rapidamente concluída", indicou o advogado do candidato d'Os Republicanos, Antonin Lévy.
Ontem, o ex-primeiro-ministro francês e a mulher foram questionados (separadamente) durante mais de cinco horas pela procuradoria anticorrupção e fraude.
Na semana passada, o semanário Le Canard Enchaîné revelou que Penelope ganhou, entre 1998 e 2012, mais de 500 mil euros como assessora parlamentar do marido e do seu suplente (quando este foi para primeiro-ministro). A prática não é ilegal - o site Mediaparte diz que em 2014 havia 52 mulheres, 28 filhos e 32 filhas contratados por parlamentares em França - desde que esse emprego não seja fictício. É isso que a procuradoria antifraude está a investigar, avaliando se há motivos para uma acusação de desvio de fundos públicos.
Numa entrevista à televisão TF1 emitida na quinta-feira à noite, Fillon explicou o que fazia a mulher - nascida no País de Gales e formada em Direito, mas que nunca exerceu e optou por se dedicar aos cinco filhos: "Ela corrigiu os meus discursos, recebeu inúmeras pessoas que eu não podia ver, representou-me em manifestações, junto das associações, fazia-me a revista de imprensa e sobretudo trazia até mim os problemas das pessoas." Penelope deverá quebrar o silêncio esta semana.
Fillon, que tem surgido como favorito à vitória nas presidenciais, disse que abandonará a corrida se for acusado de alguma coisa. Alega que está a ser alvo de uma campanha para prejudicar a sua candidatura.
A última sondagem em França, da Kantar Sofres, já mostra o impacto do Penelopegate, com Fillon a perder quatro pontos percentuais na primeira volta face à sondagem Ipsos da semana passada. O candidato da direita cai para mais perto de Emmanuel Macron, que surge com 21%. Marine Le Pen, da Frente Nacional, continua à frente na primeira volta, mas não vence nenhum dos adversários na segunda volta.
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