O Tribunal de Espinho condenou hoje sete pessoas a penas que variam entre dois anos e três meses e os dez anos de prisão, num processo de burla com a venda de viaturas usadas que tinham a quilometragem adulterada..Os arguidos, quatro homens e três mulheres, estavam acusados de centenas de crimes de burla qualificada, falsidade informática e falsificação de documentos. O processo conta ainda com três empresas que respondiam pelos mesmos crimes..O coletivo de juízes deu como provado que os donos de um stand de automóveis de Arrifana, em Santa Maria da Feira, pai e filho, adquiriam carros na Alemanha e depois baixavam a quilometragem dos mesmos, induzindo em erro os compradores..Os acusados, que em alguns casos chegaram a aumentar a quilometragem, antes da legalização, para pagar menos impostos, também falsificavam livros de revisões, que apresentavam aos clientes para os persuadir..Resultou ainda provado que a viciação dos conta-quilómetros era realizada por uma mulher, natural do Zimbabwe. O esquema envolveu ainda dois casais responsáveis por empresas que faziam o transporte dos veículos importados, embora estes não recebessem qualquer vantagem direta pelos crimes..A defesa dos principais arguidos alegava que não houve um prejuízo para os ofendidos, apesar de a quilometragem ser adulterada, porque o preço pego pelas viaturas era "competitivo"..No entanto, durante o julgamento, o tribunal ordenou a realização de uma perícia de reavaliação aos carros que revelou que na generalidade das situações houve prejuízos para os ofendidos entre 150 e 9.950 euros..Os dois principais acusados foram condenados a oito e dez anos de prisão, tendo a pena mais gravosa sido aplicada ao filho, devido ao seu papel de liderança. "O pai participou quase transversalmente em todos os casos, mas o papel liderante caberia ao filho", disse o juiz presidente..Este arguido, que se encontra em prisão domiciliária, foi condenado por 106 crimes de burla qualificada, 181 de falsidade informática, um dos quais na forma tentada, e 101 de falsificação de documento, resultando a soma das penas parcelares em 634 anos e oito meses de prisão..A terceira pena efetiva foi aplicada à mulher que procedia à viciação da quilometragem das viaturas e que foi condenada a seis anos de prisão..Um dos casais dono das transportadoras foi condenado a três anos e meio de prisão e o outro a dois anos e três meses, ambas suspensas na sua execução..Além das penas de prisão, os arguidos terão ainda de indemnizar os demandantes pelo valor correspondente à desvalorização que ocorreu em cada veículo, na sequência da adulteração da quilometragem, bem como pelos danos não patrimoniais causados..O tribunal condenou ainda o stand de automóveis ao pagamento de uma multa de 100 mil euros, tendo ainda sido determinada a sua dissolução. As duas transportadoras foram condenadas a multas de 16 mil e 30 mil euros..Segundo a acusação do Ministério Público (MP) o esquema fraudulento vigorou entre 2013 e 2016..De acordo com a investigação, durante este período os arguidos chegaram a vender cerca de três carros por semana, obtendo um lucro médio de cinco mil euros por cada viatura..Entre as vítimas deste esquema estão os atores Lourenço Ortigão e Diogo Amaral.