O Tribunal de Matosinhos condenou esta quarta-feira a uma pena única de três anos de prisão, suspensa por igual período, o homem que se fez passar por ministro da Economia e familiar do primeiro-ministro para conseguir emprego..Na leitura da sentença, na qual o arguido, de 50 anos, não esteve presente, a juíza que julgou o caso deu como provado que o arguido cometeu dois crimes de falsidade informática, condenando-o a um ano e seis meses por cada um deles, e um crime de burla qualificada na forma tentada, pelo qual foi condenado a um ano de prisão, tendo aplicado a pena única de três anos de prisão, suspensa por igual período de tempo..Em declarações aos jornalistas, no final da audiência, a advogada do arguido, Carolina Guedes, considerou a pena aplicada "proporcional à confissão integral" do arguido e adiantou que não vai recorrer desta decisão.."Não vou recorrer. Quando o arguido confessa integralmente os factos, está preparado por esta sentença", afirmou a advogada..Na audiência de leitura da sentença, a juíza explicou que na medida da pena teve em conta "a confissão integral dos factos, a atual integração socioeconómica do arguido e este não ter sido acusado de mais ilícitos desde a data daqueles factos até ao momento" para justificar a medida da pena..A magistrada justificou a opção pela pena de prisão referindo que o arguido tinha já oito condenações, "embora por factos de natureza diferente" dos que estava acusado, pelo que a pena de multa "ficaria muito aquém, atendendo ao quadro global dos factos"..Entre março de 2017 e julho de 2018, em três ocasiões distintas, o arguido pôs em prática um plano para conseguir a sua contratação laboral em empresas públicas e privadas e numa autarquia local, sem que reunisse requisitos para o efeito, de forma a obter para si um enriquecimento de valor sempre superior a 5.100 euros..O estratagema passou por elaborar um 'curriculum vitae' com dados falsos relativamente às suas habilitações académicas e experiência profissional e a utilização de endereços de correio eletrónico, por si criados, como se do ministro da Economia se tratasse..Além disso, o arguido, "ou alguém a seu mando", fazendo-se passar pelo próprio ministro, contactou telefonicamente decisores das entidades onde queria emprego, "aos quais apresentou o candidato a emprego como sendo um familiar do senhor primeiro-ministro, enviando-lhes em seguida o referido 'curriculum'"..Ao contrário do pretendido, o arguido não obteve qualquer resposta das entidades públicas contactas e, ao invés, acabou denunciado às autoridades pela presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Luísa Salgueiro..O homem conseguiu, no entanto, que um hospital privado chegasse a querer assinar com ele um contrato de trabalho mas, salientou a magistrada, "por sua iniciativa não concretizou a burla",o que pesou na decisão do tribunal.