António Garcia Pereira veio esta segunda-feira apontar o dedo a quem, há quatro anos, o afastou do PCTP/MRPP, depois do mau resultado do partido que foi fundado por Arnaldo Matos. "Há quatro anos", escreve o advogado e cabeça-de-lista por Lisboa em 2015, "o PCTP/MRPP foi objeto dum golpe levado a cabo sob o pretexto dos resultados eleitorais nas legislativas desse ano"..Num parêntesis, Garcia Pereira lembra que, em 2015, o partido recolheu "59 955 votos, correspondentes a 1,11%, e com direito a manter a subvenção de mais de 12 000 euros mensais, quando em 2011 os votos tinham sido 62 683, correspondentes a 1,12%". (O DN escreveu, na altura, segundo informações do então mandatário financeiro do partido, que a subvenção mensal era de cerca de 14 300 euros.).Num texto publicado na sua página do Facebook, Garcia Pereira nota que, depois dessas eleições, "seguiram-se o afastamento de três dos seus dirigentes, apodados, entre outras coisas - recorde-se - de "incompetentes", "social-fascistas" e "anti-comunistas primários" e anos a fio de mentiras e infâmias das mais torpes". Os dirigentes em causa eram Domingos Bulhão, o referido mandatário financeiro, Luís Franco, à época secretário-geral do PCTP/MRPP, e o próprio Garcia Pereira, que era o principal rosto do partido desde a década de 1990..Em 2015, os ataques lançados por Espártaco, pseudónimo de Arnaldo Matos - fundador do partido, mas que tinha deixado o PCTP nos anos 1980, regressando à atividade política já no século XXI, sem exercer qualquer função partidária - questionavam o facto de o PCTP/MRPP ter tido à sua disposição "800 mil euros" de subvenções públicas pelos votos alcançados em 2011..Garcia Pereira lembra que "hoje, 4 anos e 600.000€ (da subvenção) depois, o PCTP/MRPP, afinal, quando faltam apurar apenas 4 freguesias, tem 34 058 votos, correspondentes a 0,68%, e é o 12.° partido, ou seja, pouco mais de metade da tal votação de 2015 com o mesmo número de freguesias (58947 - 1,11% - 7.° lugar), perdendo o direito à subvenção e sendo mesmo necessário recuar mais de 30 anos para se encontrar um resultado eleitoral do PCTP/MRPP tão baixo"..A acompanhar a sua página do Facebook, o advogado coloca uma foto que remete para o seu site Em Nome da Verdade, onde conta a sua verdade dos factos sobre 2015..O atual advogado, hoje sem atividade partidária e que abandonaria o partido em novembro de 2015, deixa um último desafio aos atuais dirigentes do partido: "Mantive-me em silêncio durante todo este tempo, mas vou apreciar ver se os autores, executantes e apoiantes do golpe de há 4 anos atrás assumem agora perante o Povo Português as suas - essas sim! - gravíssimas responsabilidades!" E assina: "António Garcia Pereira.".Só Arnaldo Matos não responderá por estas "gravíssimas responsabilidades". O fundador do partido, que atacou na praça pública Garcia Pereira, morreu em 22 de fevereiro de 2019, não assistindo à derrocada do partido nas europeias de maio e agora no domingo. No site do jornal oficial do partido, Luta Popular, nem uma linha se lê sobre o resultado de domingo.